O embarque de animais vivos para fora do Brasil começou no final da década de 90 e tem registrado alta. Em 2010, mais de 653 mil cabeças deixaram o país de navio. O comércio é alvo de críticas das indústrias, que reclamam da falta de animais para abate nos frigoríficos nacionais.
— Nós estamos com uma ociosidade de 60 a 65% nas indústrias de capacidade instalada, onde normalmente era 35%, 40%. Subiu porque não há boi acabado para abate. Então, a ociosidade está muito grande. As indústrias estão dando férias antecipadas, coletivas, e as que não podem, estão demitindo — diz Zilmar Mussali, diretor do Sindicato das Indústrias de Carnes do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Mussali.
O Sicadergs aprova a cobrança da taxa como forma de diminuir a falta de animais no mercado.
— Cada animal que sai, e ele é totalmente isento de qualquer imposto, é um animal que deixa de entrar em uma indústria frigorífica que tem capacidade instalada com suas formalidades e os seus empregos — Zilmar Mussali.
Para os pecuaristas, a exportação de gado vivo mudou a forma como a carne brasileira é vista nos outros países.
— A exportação nos permitiu incorporar tecnologia, através de inseminação artificial, embriões, sêmen e tal e até pastagens. Nós conquistamos um lugar no mundo. Eu posso lhe afiançar aqui que a carne do Brasil, ela está sacramentada, conhecida através deste episódio de exportação de animais vivos. Isto não é para qualquer país — diz o pecuarista Carlos Alberto Chaves Gomes.
Mas a possibilidade da cobrança da taxa de exportação é considerada abusiva pelos criadores.
— Eu considero isso um crime que lesa a pátria. Não tem outra qualificação. E outra coisa: vamos deixar bem claro aqui porque já atingimos a maturidade e dentro de uma democracia deve haver respeito, principalmente pela propriedade do produtor rural que é o gado. Isto aí é uma intervenção de forma quase indireta. E isso vai trazer malefícios enormes — avalia Gomes.