? A gente sempre costuma orientar o produtor a não tentar acertar no preço máximo, porque talvez não seja o momento agora, mas a gente já viu muitos produtores segurando, segurando o gado para acertar no máximo e aí começa a cair e aí ele vende pior do que se ele tivesse vendido a hora em que o preço estava começando a subir ? avalia a analista de mercado Maria Gabriela.
Segundo Gabriela, há muito a pecuária não vivia um momento assim.
? Se a gente fizer principalmente a conta considerando a inflação, a gente sempre usa o IGP-Dá para comparar estes valores, acredito que desde pelo menos 1998 ou 1997 que o pecuarista não vê um preço assim tão interessante da arroba do boi gordo ? diz Maria Gabriela.
Levantamento da consultoria onde a analista trabalha mostra que o preço da arroba no mercado de São Paulo subiu de R$ 76 em janeiro para R$ 108 hoje. Nas vendas a prazo, já passa de R$ 110. Os dados do Cepea, pelo indicador ESALQ/BM&FBovespa registraram aumentos também. Só em outubro a alta foi de mais de 14%.
A alta no preço do boi gordo reflete no varejo. O preço da carne subiu porque, segundo os analistas, não tem mais gado para o abate, nem mesmo aquele criado em confinamento. O curioso é que as vendas aqui no balcão, seja na casa de carnes ou no supermercado, não diminuíram, mas poderiam ser melhores.
? Continua vendendo sim, mas não tanto quanto antes. Isso não quer dizer que eu vou perder venda ou meu faturamento mensal vai cair tanto, mas eu percebo que o público está bem abatido com este preço alto ? diz a dona de uma casa de carne Sandra Mara Teixeira.
Superintende da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Tiaraju Pires diz que os estabelecimentos também perderam nestes últimos meses. A alta repassada ao consumidor ficou em torno de 15%, no máximo 18%. A metade praticamente do aumento que teve a arroba paga ao pecuarista.
? Houve uma redução na margem dos supermercados até o momento. Isso é um problema que a gente não sabe até quando vai ser possível segurar. Já está acontecendo uma migração do preço de venda de carne bovina para outros tipos de carne, como frango e carne suína. A participação da carne bovina caiu de 60% para 52% nos últimos meses ? explica Pires.