Um acidente com um caminhão carregado de balas no condado de Dodge, no estado norte-americano de Wisconsin, levantou uma grande polêmica sobre a alimentação de rebanhos bovinos no país. Segundo o site Science Alert, quando uma grande quantidade das famosas balas Skittles caiu de um caminhão, a polícia local informou que elas seriam destinadas às fazendas para serem utilizadas como alimento para gado.
Segundo as autoridades, os pecuaristas estariam usando a guloseima como alternativa ao milho, que está um pouco caro por lá.
Pouco tempo após a queda das balas no asfalto, repórteres afiliados à rede de notícias CNN foram a público chamar a atenção para o material que seria destinado aos rebanhos de corte. Em entrevista dada para um desses repórteres, o xerife Dale Schmidt disse que, apesar de as balas não conterem a letra “S”, característica das balas Skittles, o cheiro do doce era inconfundível.
Procurada, a Mars, fabricante da bala, disse que alguns de seus produtos são utilizados para a alimentação animal. Os Skittles, no entanto, não viriam de nenhuma das fábricas que produzem esse tipo de alimento. Um porta-voz da Mars disse ainda que o material encontrado na estrada era a bala, mas que a falta da letra “S” indicava que não era direcionada para o consumo humano.
Por meio de nota, a gerente de meio ambiente corporativo da Mars, Linda Kurtz, disse que a empresa vende doces e ingredientes não utilizados para produzir alimentos para animais. Ela disse ainda que a Mars não vende diretamente para os agricultores e seus procedimentos seguem as normas da Food and Drug Administration, agência responsável pela regulamentação de alimentos nos Estados Unidos.
Kurtz afirmou também que a Mars determinou que os produtos derramados vieram de uma fábrica em Yorkville, Illinois, que não vende produtos para ração animal. A outra fábrica americana que faz a Skittles, em Waco, Texas, vende produtos para um processador local que os derrete em xarope.
Consumo polêmico
O xerife Schmidt disse à imprensa local que um agricultor falou, sob a condição de não ser identificado, que usava as balas descartadas para alimentar o gado. Outro fazendeiro falou aos repórteres que os fabricantes de doces e padarias costumam vender rejeitos para serem usados como ração para gado.
A inclusão de doces na dieta, no entanto, divide especialistas. Em entrevista à CNN Money, o nutricionista especializado em animais Ki Fanning, da consultoria Great Plains, disse que essa é uma boa alternativa para conter custos no setor. “É uma maneira para os produtores reduzirem o custo da ração e fornecer alimentos menos caros para os consumidores”, disse. De posicionamento contrário, a especialista Marilyn Nobre, da ONG American Grassfed Association, acredita que as “vacas foram feitas para comer grama, e não doces”.
Ainda sobre esse assunto, um estudo de 2012 descobriu que as gramíneas com alto teor de açúcar poderiam aumentar as emissões de metano, o que significa que alimentos ricos em açúcar poderiam ter efeitos semelhantes.
Robin Shreeves, da ONG Mother Nature Network, informou que existe uma lista de alimentos autorizados pelo Fundo Legal de Defesa Animal (ALDF, da sigla em inglês) para alimentação de gado, incluindo biscoitos, cereais matinais, cascas de laranja, frutos secos, feijão frito e casca de algodão.