– Segundo informações do meu advogado, vai ser cumprido daqui a uns dias, um ano. Agora, eu, com 68 anos, se for demorar 10 anos, não quero mais. Aí não adianta mais nada. Justiça e socorro: só isso que a gente está pedindo a Deus, e toda hora, para que isso aconteça. Para voltar a ter paz aqui, porque aqui é um lugar bom – lamenta.
Outros produtores do município dizem enfrentar o mesmo problema. A situação faz com que algumas pessoas pensem em abandonar a atividade.
– Moralmente, minha família está desmoralizada, porque é muito triste. Um bandido ligar o telefone e perguntar ao seu filho que dia ele quer morrer. Na fazenda ou na estrada. De uns três meses para cá, eu venho conduzindo as conversas lá em casa, no sentido de abandonar o campo. Eu perdi o estímulo pela terra – revela o produtor rural Paulo Ignácio Nogueira.
Outro problema relatado pelos trabalhadores do campo da região é a redução no número de jovens interessados em permanecer na atividade rural. Além da insegurança, a baixa rentabilidade e a falta de logística eficiente também são apontadas como fatores prejudicam a sucessão familiar.
De acordo com o assessor jurídico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Armando Biancardini Candia, ainda não há no Estado estimativas oficiais sobre a baixa sucessão familiar no campo. Entretanto, conforme ele, a entidade orienta pecuaristas sobre o caminho a ser seguido nestas situações.
– Preocupa realmente. É muito difícil o produtor hoje planejar isso. Deve se considerar produtor, empresário rural, transformar em empresa, sociedade de cotas, dinamizar o negócio para que ele se perpetue – explica.
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