Em uma propriedade o fiscal comprovou irregularidades. O gerente da fazenda apresenta a nota de compra das vacinas, mas não tem a declaração que deveria ser feita no Departamento de Defesa Agropecuária.
– Quem tem que declarar é o patrão. Eu não sei por que ele não declarou. Mas o gado foi vacinado. Eu vacinei todinho o gado – conta o gerente a fazenda, João Batista Soares.
A fazenda foi autuada por duas irregularidades: pela falta de declaração da vacina e porque o número de plantel declarado não é o mesmo da última campanha. O gerente diz que a fazenda tem pouco mais de 10 cabeças. Nos registros da Secretaria de Agricultura passa de 30. O proprietário da fazenda tem agora 15 dias pra fazer a defesa na Secretaria. Vai ter que justificar a divergência nos números do rebanho e porque não fez a declaração comprovando que vacinou o gado.
– Se não fizer isso, como o Estado vai saber qual é o índice real do rebanho vacinado, imunizar e comprovar o gado vacinado do Estado de São Paulo para que esse rebanho possa estar bem imunizado – ressalta o assistente agropecuário, Roberto Hunziker.
Na visita à outra propriedade o fiscal acabou descobrindo uma irregularidade: a vacina foi comprada em uma empresa que não tem autorização para vender este tipo de medicamento. A equipe seguiu para o estabelecimento.
A visita do fiscal surpreendeu o dono da loja. Ele apresentou o registro que permite o comercio de produtos veterinários, mas não tinha o documento que autoriza a venda de vacinas contra a aftosa. Mesmo assim, no mês passado ele vendeu 150 doses a pecuaristas da região.
– Eu não sabia que tinha uma autorização especifica pra comercializar a vacina. Agora nós vamos regularizar – relata o sócio da loja agropecuária, Marcelo Próspero.
– Ele vai ser autuado, receber um auto de infração por estar comercializando a vacina sem autorização e outro auto de infração referente a falta de termômetro que não tem, que caracteriza a qualidade da temperatura ideal pra comercializar produtos biológicos – explica Roberto Hunziker.
Entre comércio e propriedades rurais, os fiscais da região de Sorocaba fazem até 40 visitas nestes dias. O trabalho é feito por Hunziker e outros técnicos em 19 municípios. A região tem mais de 7,7 mil criadores e um plantel de 210 mil cabeças de gado.
O interessante deste trabalho pós campanha, tanto na cidade quanto nas propriedades rurais, é que de um jeito ou de outro todos os animais sejam vacinados. A autuação é uma forma de pressionar. E se uma visita não for suficiente, o fiscal volta a propriedade até que a situação esteja regularizada.
Na região de Sorocaba, 30% dos pecuaristas ainda não vacinaram o gado, por isso vão receber a visita de um técnico nestes próximos dias. O número compreende aos que não comprovaram a vacinação também.
Autuado o pecuarista tem duas semanas pra se regularizar, mas que não fizer no prazo, vai pagar multa. Por cabeça, o equivalente a R$ 17,45. Mas não é a arrecadação o mais importante.
– Nós queremos chegar a um índice de 100% de criadores com população, todos imunizados – relata o assistente agropecuário.
O pecuarista José Domingos Soares, com menos de 40 vacas de leite no pasto, recebeu bem a visita do fiscal. Ele vacinou todo o rebanho no mês passado e apresentou a declaração dentro da data, certinho. Está tranquilo agora e serve até de exemplo pra muita gente.
– Todo mundo devia fazer. Tem obrigação de fazer. Uma que a lei exige, outra que é bom pra gente. Porque ter o gado em ordem não tem problema de febre. Estou sossegado – conta.
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