Os pecuaristas que quiseram manter a produção tiveram que se preparar para enfrentar a seca com antecedência. A expectativa de chuva para o Triângulo Mineiro é só para o fim de setembro, com a chegada da primavera. Até lá, as vacas terão alimentação diversificada.
O pecuarista Gustavo Aguiar, do município de Araxá, está usando silagem de sorgo e milho úmido, além de ração incrementada com polpa cítrica e caroço de algodão.
? Caroço e polpa cítrica nesta época fazemos contrato para o ano com as empresas que tem o produto e com preço pré-estabelecido. Desta forma a gente consegue fazer a dieta e programar durante o ano ? relata.
Fazer contrato e escolher os produtos certos ajudam a diminuir os custos. As 195 vacas da propriedade produzem 5,3 mil litros de leite por dia. A venda fica entre R$ 0,92 e R$ 0,94, mas os custos chegam aos R$ 0,80 por litro.
? Nesta época que o pasto está muito seco a gente confina o gado e aumenta os custos mas também aumenta a produção de leite. Um dos grandes problemas que temos hoje é que o milho, a soja, os produtos de alimentação estão muito mais caros, isso aumenta muito nossos custos ? complementa o produtor.
No ano passado, o pecuarista Silvio Sampaio não se preparou para enfrentar a estiagem e viu a produção de leite na fazenda dele diminuir em 600 litros por dia. Agora, não quer cometer o mesmo erro.
? Fizemos um planejamento mais adequado e quase dobramos a área plantada de milho para fazer silagem. Este ano fizemos 1,5 mil toneladas e no ano passado apenas 800 toneladas. Inclusive vai até sobrar um pouco este ano se chover em outubro ? conta.
Tanto empenho para manter a quantidade e qualidade do leite não é a toa. No Triângulo Mineiro, o período de estiagem representa uma queda de até 15%. E só mesmo com muito planejamento os pecuaristas conseguem driblar a queda na produção e a ameaça de entrada de produto importado, que vem, principalmente do Mercosul.
Os preços do produto brasileiro, por enquanto, não sofreram alterações. A oferta está menor e o consumo interno tem aumentado. Mas se houver entrada de leite estrangeiro no país e os preços caírem, ficará difícil cobrir os custos da seca.
? Na Argentina existia a cota em torno de três mil toneladas por mês e que venceu e está em processo de negociação a fixação destas cotas. Para Argentina e Uruguai se for analisar hoje o que entra de leite no país, equivale a captação dos maiores fornecedores de leite interno do Brasil ? afirma o presidente do Sindicato Rural de Araxá, Alberto do Valle Junior.
Assista às reportagens apresentadas no Jornal da
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