Pesquisa aponta pouca diferença entre carne de gado confinado e criado a pasto

Estudo foi realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em parceria com o Instituto de Cardiologia do EstadoO gado confinado tem vantagens sobre a criação a pasto quando o assunto é rapidez na terminação. Mas em se tratando de características da carne, uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com o Instituto de Cardiologia do Estado, apresentou pouca diferença.

Embora o confinamento venha crescendo no Brasil, grande parte da carne produzida no país ainda é originada da boiada criada a pasto. Durante muitos anos, os pecuaristas defensores desta modalidade anunciaram que o marmoreio deixava a carne mais macia e o chamado “boi verde” era mais saudável. Mas a pesquisa realizada na UFRGS apontou pouca diferença entre o produto final gerado em cada sistema.

? Os dois lotes de novilhos têm dois anos de idade, novilho precoce. Não se teve diferença na composição de ácidos graxos e especialmente colesterol. Foram 47 e 48 miligramas por 100 gramas de carne. Isso é um teor extremamente baixo quando a Organização Mundial da Saúde diz que nós podemos ingerir, pessoas saudáveis, até 300 miligramas de colesterol ? explica o professor do departamento de zootecnia da UFRGS, José Fernando Piva Lobato.

O gado criado a pasto apresentou uma pequena vantagem, em relação ao confinado, quando o assunto é ômega 3. O ácido graxo, não é produzido pelo corpo humano e deve ser ingerido através de alimentos ricos na substância.

? A grande vantagem que tivemos pró-pasto foi o teor de ômega 3. Com diferença significativa a nível de 1% que nos permite dizer que a carne produzida a pasto em termos de polinsaturados foi mais rica em ômega 3. Elemento presente nos peixes, peixes de águas profundas que se alimentam de cloroplastos, o fitoplancton dos mares, enquanto que os nossos bovinos se alimentam dos cloroplastos das gramíneas e leguminosas que nós temos seja no Estado ou seja nas gramíneas do centro oeste brasileiro ? relata Lobato.

A pesquisa não terminou com a análise do produto final nos dois sistemas de criação. Um grupo de voluntários do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul ingeriu porções diárias de carne durante cinco semanas. Não foi constatada diferença nos resultados entre gado confinado e gado a pasto. Mas o trabalho confirmou o que muitos estudos vêm dizendo: que a carne bovina – desde que não processada – não faz mal à saúde.

? A grande mensagem que fica para nós cardiologistas é que esses trabalhos internacionais são extremamente importantes. E esses estudos mostraram que o malefício está nos produtos processados e não na carne vermelha. A carne vermelha está sem comprometimento em relação à evolução da doença cardíaca. Isso nos liberou pra não seguir mais aquela instrução, dos colégios americanos, que diziam que a carne deve ser limitada. Eu acho que ela continua sendo indicada para consumo, desde que se tire a parte de gordura aparente e desde que se consuma uma porção razoável ? afirma o médico cardiologista, Iran Castro.