Pesquisa avalia o impacto da construção da Hidrelétrica Foz do Chapecó na reprodução dos peixes

Barragem alterou rota migratória de espéciesO impacto da construção da Hidrelétrica Foz do Chapecó na reprodução dos peixes é um dos objetivos da pesquisa sobre rotas migratórias na Bacia do Rio Uruguai, que está sendo desenvolvida pelo Projeto Piraqué.

O projeto do Instituto Goio-Ên, ligado à Universidade Comunitária Regional de Chapecó (Unochapecó), tem o apoio da Foz do Chapecó Energia como compensação ambiental pela construção da barragem entre Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS).Com a barragem, peixes migradores, que nadam em direção à nascente dos rios para desovar, acabaram por ter um obstáculo a sua reprodução.

? Queremos ver como eles estão se adaptando a essa mudança ? disse a engenheira de aquicultura do Instituto Goio-Ên, Michele Nunes.

Ela já trabalhou na Usina Hidrelétrica de Machadinho, em Piratuba (SC), onde constatou que, ao chegaram na barragem, os peixes procuraram rotas alternativas. Uma delas é o afluente do Rio Uruguai, o Rio Ligeiro, onde acabam fazendo a reprodução. Na Foz do Chapecó, o objetivo é ver se ocorre o mesmo e assim identificar os pontos de desova. Para isso, os peixes estão sendo identificados.

A segunda etapa do projeto iniciou há um mês. Na primeira, que começou em 2008, durante a construção da usina, foram marcados 2001 peixes. Os pescadores chamavam os pesquisadores, que implantavam um brinco de plástico de quatro centímetros no animal, com telefone do instituto.

Agora, são os próprios pesquisadores que capturam as espécies. Os pescadores que fornecem informações de onde os peixes foram capturados, o peso e a medida, recebem brindes como bonés, camisetas, lanternas e coletes. Com isso, os pesquisadores conseguem monitorar o deslocamento e desenvolvimento dos animais.

Na primeira etapa, foi constatado que a reprodução ocorria bem acima da obra, próximo à barragem de Itá (SC), ou abaixo da obra. Agora, a pesquisa vai avaliar o impacto após a construção. Já foram identificados 10 peixes. A meta é marcar 600 de espécies como suruvi, surubim, piracanjuba, pintado, piava, bocudo e jundiá.

De acordo com o assistente técnico em piscicultura do Instituto Goio-Ên, Sidinei Follmann, depois de pesados, medidos e marcados, os peixes são devolvidos ao rio, alguns acima da barragem e outros abaixo. Com isso, os pesquisadores vão conseguir identificar o comportamento tanto no lago quanto abaixo dele. Tudo para tentar preservar as espécies que durante anos navegavam livremente pelo Rio Uruguai e, atualmente, encontram cada vez mais obstáculos para sua reprodução.