Especialistas da área de nutrição de ruminantes afirmam que independente da época do ano, os animais devem ter acesso à água de boa qualidade, vitaminas, minerais, energia e proteína. Os autores ensinam que o primeiro passo para promover um bom esquema nutricional do rebanho é conhecer a exigência dos animais, depois, partir para um planejamento, definição e adoção da estratégia nutricional.
Outro ponto de destaque é que a exigência nutricional de um bovino varia em função do peso corporal, categoria, estado fisiológico, o uso de promotores de crescimento e até do ambiente em que vive. Um garrote e uma novilha da mesma idade e raça, por exemplo, podem ter exigências diferentes de energia e proteína, por estarem em momentos diferentes de suas curvas de crescimento.
Estas e muitas outras explicações e dicas estão narradas na publicação organizada em 10 capítulos que descrevem os conceitos, as técnicas, estratégias e experiências em nutrição de bovinos. Editada por três pesquisadores da Embrapa Gado de Corte (MS); Sérgio Raposo de Medeiros, Rodrigo da Costa Gomes e Davi José Bungenstab.
O livro aborda uma série de temas, dentre eles: valor nutricional dos alimentos, suplementação a pasto, semiconfinamento, confinamento, fórmulas de suplementos que o produtor pode fazer na própria fazenda, até recomendações de infraestrutura de cochos.
Suplemento de baixo custo para o período seco
Um dos capítulos do livro pode chamar atenção do produtor para a época seca que se inicia. Trata-se de estratégias de suplementação para o período de estiagem. Os autores abordam as principais formas de suplementar os animais na estação seca, alertam para a utilização inadequada de ureia que pode intoxicar os animais, ensinam como preparar um suplemento à base de sal com ureia e como fornecer aos animais.
– As principais formas de suplementação na seca são o sal mineral com ureia, o proteinado ou mistura múltipla e a ração de semiconfinamento, em todos os casos recomendamos que a lotação da pastagem seja próxima de um animal de 450 quilos por hectare. Lotações maiores somente quando houver fartura de pasto – explica Rodrigo da Costa Gomes.
O consumo recomendado é de 100 gramas por Unidade Animal (UA) (uma UA corresponde a um animal de 450 quilos), sendo cerca de 30% dessa quantidade de ureia. O espaço linear de cocho recomendado é de, no mínimo, seis centímetros por animal. O alerta é para a utilização inadequada de ureia, podendo levar o animal à morte. Portanto, não se deve fornecer ureia para animais em jejum e/ou muito magros.
Outra dica é quanto à adaptação dos bovinos ao consumo de ureia. Para isso os autores sugerem: na primeira semana servir dois sacos de sal mineral convencional e um saco de sal mineral com ureia. Na segunda semana, um saco de sal mineral convencional e um saco de sal mineral com ureia e na terceira semana em diante apenas sal mineral com ureia.
Para melhor aproveitamento, a ureia deve ser associada a uma fonte de enxofre, de maneira que seja atendida a relação de 10 a 15 partes de nitrogênio para uma parte de enxofre. De forma prática, para cada 100 quilos de ureia pode-se adicionar quatro quilos de flor de enxofre ou 15 quilos de sulfato de amônia.
O livro traz outros exemplos de formulações e os principais cuidados no fornecimento da ureia, como: não utilizar em pastos com baixa disponibilidade de forragem, mas priorizar os de alta disponibilidade e baixo valor nutritivo, como as pastagens vedadas; misturar bem a ureia no sal mineral e fornecer continuamente; fornecer a mistura, de preferência, em cochos cobertos; os cochos devem estar assentados em desnível e serem furados, para drenar eventual água de chuva. Dessa forma evita-se o acúmulo de água e o risco de intoxicação pela ingestão excessiva da ureia solubilizada.