Na última semana, o Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China confirmou novos focos de peste suína africana na província de Hainan. De 517 animais que viviam em seis fazendas, 146 deles foram abatidos em decorrência da doença.
Desde agosto de 2018, a doença vêm se disseminando pelo território asiático e já alcançou todas as 31 províncias chinesas. O Canal Rural separou cinco temas que merecem a atenção do produtor quando o assunto é peste suína africana. Confira!
1° Surto pode ficar pior no país asiático
Nesta semana, especialistas afirmaram que a doença que atingiu as produções de suínos da China ainda deve piorar antes que uma solução seja encontrada. Para Wantanee Kalpravidh, agente da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a doença está se espalhando mais rapidamente do que o país esperava.
Nos últimos meses, autoridades do Japão, de Taiwan e da Austrália encontraram carne infectada em outros alimentos carregados por turistas. Desde então, a doença já foi confirmada em plantéis no Vietnã, na Mongólia e no Camboja.
Já segundo a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), a dificuldade da China para conter a peste está relacionada à forma como os animais são criados no país – existem milhões de propriedades com menos de 500 animais, que frequentemente são alimentados com restos de comida que podem conter carne infectada com o vírus. O governo paga 1.200 yuans (US$ 179) por animal abatido. Saiba mais.
2° Preocupação com epidemia suína faz prêmio da soja recuar nos portos brasileiros
No porto de Paranaguá (PR), os prêmios ofertados pelo soja estão em queda há pelo menos 20 dias. Segundo o diretor de commodities da consultoria INTL FCStone, Glauco Monte, o prêmio está relacionado a uma demanda de exportação e existe uma grande preocupação com a demanda da China por conta do surto da peste.
De acordo com Glauco, a programação de chegada dos navios em maio já está menor em comparação ao mesmo período do ano passado. “Reduzindo a demanda chinesa, há menos demanda no porto, e menos navios, o que leva a uma pressão baixista sobre os prêmios”. Veja a entrevista completa aqui!
3° Governo debate ações contra entrada da doença no Brasil
No último dia 16, representantes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) receberam o diretor do departamento de saúde animal e insumos pecuários, Geraldo Marcos de Moraes, em reunião conjunta das câmaras de sanidade e de genética avícola, para debater estratégias de prevenção à peste suína africana.
“Foram estabelecidos alinhamentos para a realização de treinamentos em conjunto com membros da iniciativa privada e do setor público, a criação de um grupo de trabalho de avaliação de riscos de PSA, entre outros”, disse a ABPA em nota.
4° Prevenção contra peste suína em aeroportos do Brasil deixa a desejar
De acordo com o produtor rural e jornalista Donário Lopes, durante a volta para o Brasil de uma recente viagem à China, a fiscalização de quem chegava do país asiático deixou a desejar. Isso porque segundo ele, não existiam órgãos responsáveis presentes nos locais de desembarque no aeroporto.
“Na volta, achei que certamente teria algum tipo de aviso, preocupação do sistema sanitário ou alguma medida do Ministério da Agricultura. Mas me surpreendi porque não tinha nada disso”, revelou Donário.
“Diversas pessoas que vinham de várias regiões da China entravam no Brasil e ninguém era alertado ou fiscalizado sobre nada. Por isso fica uma reflexão, será mesmo que o Brasil está tomando os devidos cuidados para evitar essa doença?”, questionou ele.
No entanto, o Ministério da Agricultura, informou que as ações de fiscalizações foram intensificadas para evitar o ingresso do vírus no país. Nesta quinta-feira, dia 25, por exemplo, o Aeroporto Internacional de Guarulhos informou em nota que ocorreu uma operação que resultou na apreensão de 90 quilos de produtos entre sementes, pescados, embutidos e vegetais.
Voos vindos de Dubai, Joanesburgo, Paris, Amsterdã e Istambul foram fiscalizados após uma avaliação de risco, onde ficou constatado a presença de passageiros provenientes da China.
5° Demanda por carne brasileira pode aumentar
O surto da peste já causou o abate de mais de um milhão de animais. Segundo o governo chinês, a projeção no aumento nas importações pode chegar a 30%, e o Brasil é considerado o maior fornecedor nesta parcela.
Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o cenário pode beneficiar o setor brasileiro, que estava operando com margens negativas desde o final de 2017, quando a Rússia anunciou embargos às exportações.