Peste suína: preço da carne sobe US$ 1 mil em três meses, diz ABPA

Segundo a entidade, tanto o Brasil quanto outros países devem ter suas vendas da carne para o mercado asiático impulsionadas

suíno

O avanço da peste suína africana na China, com perdas estimadas neste ano de 35% na produção do país, deve ampliar a exportação dos produtores brasileiros de proteína animal, suínos, aves e bovinos. A crise no país asiático, maior consumidor e produtor de carne de porco no mundo, também acende o sinal de alerta entre os economistas quanto a possíveis aumentos de preços e reflexos na inflação no Brasil.

“Nos novos negócios de exportação de carne suína fechados já existe um aumento de preço de US$ 1 mil por tonelada na comparação com três meses atrás”, contou Ricardo Santin, diretor executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para o executivo, que representa os produtores de suínos e frangos, os efeitos da doença significam uma “quebra de paradigma” no mercado de proteína animal, já que a China responde por metade da produção de carne de porco do mundo.

Com isso, tanto o Brasil quanto outros países devem ter suas vendas para o mercado asiático impulsionadas. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, observou um avanço nas vendas externas de suínos em abril. As exportações brasileiras de suínos totais cresceram 51,4% em valor em comparação com abril de 2018 e atingiram US$ 110 milhões.

“A tendência é subir mais.” O cenário, na sua opinião, é favorável, pois o Brasil vai reduzir vendas de soja e farelo para China e ampliar as carnes, que são produtos de maior valor agregado. A peste suína, que é fatal para o animal, mas não prejudica os seres humanos, começou a afetar a China em meados de 2018. Estima-se que entre 150 milhões a 200 milhões de suínos já morreram no país asiático.

Com uma produção de 54 milhões de toneladas no ano passado, segundo dados do Departamento de Agricultura do EUA elaborados pela ABPA, a China é o maior produtor de carne de porco do mundo. Cada chinês consome cerca de 40 quilos do produto por ano, volume equivalente ao consumo per capita do brasileiro de carne de frango.

Prejuízos

O comércio mundial de carne de porco no ano passado movimentou 8 milhões de toneladas. As perdas por conta da peste suína giram em torno de 16 milhões de toneladas. “Não tem produto para atender essa demanda”, observou o diretor da ABPA.

Santin embarcou na madrugada desta terça-feira, dia 7,  numa comitiva de empresários que acompanham a ministra da Agricultura Tereza Cristina rumo ao Japão e depois a China. O objetivo da viagem é credenciar novos frigoríficos a exportar carne suína para os países asiáticos.

“Hoje temos nove plantas habilitadas para exportação”, disse Santin. Ele explicou que há possibilidade de credenciar mais 31 frigoríficos. Em evento do setor de pecuária, o economista do Rabobank, Adolfo Fontes, disse que o principal efeito da peste suína africana nas exportações para a China ainda está por vir. Isso porque a China tem um grande estoque do produto. Nas suas previsões, um avanço maior deve ocorre no segundo semestre