Piscicultores de Sena Madureira (AC) se organizam para aprimorar a produção

Depois de anos trabalhando cada um para o seu lado, criadores de peixe se organizam com apoio do Sebrae e formam associaçãoTradicional fornecedora de pescados para Rio Branco e outras localidades, Sena Madureira viu os estoques de peixe se esgotarem em cons?equência da pesca predatória e, hoje, importa de outros municípios boa parte do pescado que consome. Por isso, 35 pequenos criadores decidiram unir-se fundar a Associação dos Piscicultores de Sena Madureira (APSM) que teve sua primeira diretoria eleita e empossada no último dia 4.

A entidade é liderada pela empresária Maria de Lourdes Hofmann, tendo como primeira secretária Maria Nelci Matos da Cunha e primeira tesoureira, Francinete Santos de Araújo. A formação da nova entidade vinha sendo construída há mais de um ano com apoio do consultor do Projeto Empreender do Sebrae no Acre Edson Rocha, que já havia orientado o grupo de criadores com relação à necessidade de cadastrarem suas propriedades, fazerem termos de ajuste de conduta e o geo-referenciamento para poderem entrar nessa atividade devidamente legalizados e sem problemas na área ambiental.

Mercado

? Além de nós, há pelo menos 35 outros criadores de peixes em nosso município, mas o nosso grupo entendeu ser necessário que nos organizássemos para poder receber orientação e assistência técnica e, desse modo, produzir de maneira mais eficiente a fim de atender às exigências do mercado. O apoio e orientação do Sebrae foi fundamental para que nós pudéssemos nos preparar para esta nova fase que a piscicultura viverá daqui por diante ? explicou Maria de Lourdes Hofmann, destacando que a entidade já trabalha em parceria com a prefeitura local e governo do Estado, através da Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), e o governo federal, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma agrária (Incra).

Durante seu discurso de posse, ela lembrou que, há poucos anos, a colônia de pescadores abastecia o mercado local com uma grande variedade de peixes retirados dos rios e lagos do município.

? A gente ia ao mercado e escolhia o tipo de peixe que queria comer, mas o pescado foi escasseando e hoje a maior parte dele vem dos açudes e até de fora do município. A criação vai garantir o fornecimento de uma carne de boa qualidade à nossa população e diminuirá a pressão da pesca sobre os rios e lagos, que poderão se recuperar das perdas que tiveram.

Atuando em parceria com a prefeitura, a associação, que ainda nem estava formalizada, já conseguiu da municipalidade a garantia de que vai construir oito açudes, três ainda neste ano e outros cinco no ano que vem.

? As parcerias serão muito importantes para o desenvolvimento da atividade. Agora, por exemplo, vamos procurar a prefeitura para pedir a inclusão do peixe na merenda escolar, como já acontece em vários estados do Brasil, onde as pesquisas mostram que o aprendizado dos alunos melhorou a partir do momento em que o pescado passou a fazer parte da refeição.

Do boi ao peixe

João Batista dos Santos, o João Paraná, chegou ao Acre com a intenção de fazer lavoura e criar gado, hoje dedica a maior parte de seu tempo à pecuária, mas há vinte anos tenta, sem sucesso, criar peixes em sua propriedade.

? Quando construí os açudes tinha duas finalidades que eram reservar água pro gado e criar peixes, mas por falta de orientação e apoio a coisa não deu muito certo, então fomos criando só para o consumo mesmo. Acredito que, agora que estamos recebendo apoio e orientação do Sebrae, nós vamos conseguir atingir nosso objetivo, que é produzir um alimento de qualidade, gerando renda e emprego em nosso município.

João Paraná explicou que, seguindo as orientações da equipe do Projeto Empreender do Sebrae, ele e os demais procuraram o Incra para fazer o georeferenciamento da propriedade e castraram-se junto ao Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) para conseguir o licenciamento ambiental da criação.

? Queremos trabalhar de modo legalizado e esperamos continuar contando com o apoio do governo e da prefeitura para que isto aconteça. Nossa produção ainda é pouca, mas, assim que soubermos o que o mercado quer, poderemos nos programar para atender a essa necessidade e até vender para fora do Estado. O importante é entrar direito no mercado para evitar prejuízos para os dois lados.

Ganhos

A cerimônia de criação da Associação dos piscicultores foi prestigiada pelos representantes do Incra, Hermano Costa e da Seaprof, Reginaldo Elias de Lima que tomaram parte na mesa da assembleia geral dos sócios.

? Nós do Incra estamos felizes por entender que, com a criação desta associação, ganham os produtores com tecnologia de produção e ganham também a comunidade de Sena Madureira que terá segurança de um alimento mais saudável, rica fonte dos aminoácidos ômega 3 e ômega 6 ? destacou Hermano.

? Esta é uma das poucas associações que vejo surgir movida pelo entendimento de que é necessário a união dos produtores para atingir seus objetivos de melhorar a produção, e não, como a maioria que se forma para conseguir ter acesso a um recurso financeiro ou benefício e que dificilmente volta a reunir-se depois disso. Outro ponto positivo é a heterogeneidade deste grupo, formado por agricultores, comerciantes e profissionais de várias áreas, contribuindo cada um com seus conhecimentos.Por fim, esta parceria com o Sebrae, que se destaca por adiantar-se na valorização das oportunidades de negócios para cada comunidade. Quando bem conduzida, a piscicultura é uma atividade altamente produtiva, lucrativa e de baixo impacto no meio ambiente, o que faz dela uma das atividades rurais mais sustentáveis, que geram renda ao produtor, melhorando a qualidade de vida de sua família ? salientou Reginaldo.