A arroba do boi gordo deve recuar 11,6% em valores nominais em 2017 sobre 2016, de acordo com estimativa da Agroconsult. É a maior queda anual desde a estabilidade econômica trazida pelo Plano Real. Se confirmada, será o primeiro recuo após um ciclo de quatro anos consecutivos de alta, com um pico anual de aumento neste período de 23,2%, em 2014 sobre 2013.
De acordo com o diretor de pecuária da Agroconsult, Maurício Nogueira, o recuo no preço do boi já era esperado para este ano, mas foi potencializado pela série de crises na pecuária. “O ano já era de baixa, a expectativa era de queda de 5% a 6%, mas hoje estamos entre 10% e 12%”, disse Nogueira durante evento do setor em Ribeirão Preto (SP). “Nem mesmo com a crise dos últimos casos de aftosa, em 2005, a queda (de 8,9% sobre 2004) foi tão grande”.
Segundo o consultor, o “mercado pode buscar um nível intermediário (de queda) até o final do ano”, desde que não surjam “novos eventos” capazes de trazer novas quedas no preço da arroba. Nogueira avalia que o ritmo de abate está voltando ao normal após a operação Carne Fraca e a crise da JBS. O principal motivo da normalização do mercado é a falta de uma estrutura para a operação de desossa de bovinos em frigoríficos que poderia absorver os animais não destinados à JBS.
“A operação deles (JBS) é importante para fazer chegar carne no mercado da forma como hoje é negociada nos grandes centros, ou seja, desossada. Outro fator importante para a retomada do mercado é a exportação, apesar dos problemas ocorridos”, disse o diretor da Agroconsult. “Apesar de acreditarmos que haja uma virada até o final do ano, o cenário é de baixa, a oferta longa, a demanda fraca e nós comprometemos parte das exportações (com embargos e suspensões)”, emendou.
Para Nogueira, se no próximo ano as exportações de carne bovina não melhorarem e se a economia brasileira não crescer no mínimo 3%, a queda nominal no valor da arroba pode ser maior.