Segundo o economista da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, para quem vende carne bovina, a situação é crítica.
? Aumenta o preço na gôndola, não aumenta para o produtor e as pessoas consomem menos. Quem vai pagar esse preço vai ser o produtor como de costume ? disse Luz.
De acordo com o levantamento da Emater, em outubro de 2010 o Rio Grande do Sul tinha preço de R$ 5,50 o quilo da carne pago ao produtor. No mesmo período de 2011, o valor subiu R$ 0,32. Segundo Luz, o valor baixo no Estado é resultado da safrinha do boi, mas ele afirma que os preços devem aumentar.
? É em decorrência dos produtores de grãos, que ao colherem sua lavoura fazem pastagem, colocam bois, depois chega na hora de plantar de novo e eles tiram os animais. Ao retirar esses bois, isso acontece entre agosto, setembro e outubro, eles terminam tendo uma oferta maior e gera essa safrinha. Agora o que nós estamos esperando, que acontece sazonalmente, é o preço do boi subir ? explica o analista.
O Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs) contesta o levantamento da Emater. Segundo o diretor-executivo do Sicadergs, Zilmar José Moussale, os dados estatísticos do sindicato apontam que, entre outubro do ano passado e outubro de 2011, o preço pago pelo quilo do boi gordo ao produtor subiu 11% e não 2%.
? O frigorífico repassa para o varejo o valor daquele que é comprado do produtor, se o produtor aumenta dez, o frigorífico aumenta dez para o varejo, agora quanto o varejo vai colocar para o consumidor, isso não é de nossa conta ? aponta Moussale.
Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), as festas de final de ano aumentam a procura pela carne. Como o período é de entressafra no centro do país, a tendência é de aumento no preço para o consumidor. De acordo com o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, os supermercados estavam adquirindo carne dos frigoríficos do centro do país, onde o preço é de 10% a 15% mais barato que nos frigoríficos do Rio Grande do Sul.
? Então o que acontece nesse período, os frigoríficos do centro do país, da carne de primeira, da carne sem osso, repassaram esses preços aos supermercados que repassaram esses preços ao consumidor ? explica Longo.