? O aumento vem galopante. O picadinho está R$19,90, que era o preço do filé antigamente. Dois meses atrás, o filé estava R$ 18,90 ? reclama o consumidor.
E não é impressão, não, essa diferença existe. Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, nos últimos doze meses, o preço da arroba no Mato Grosso, um dos principais produtores do Brasil, registrou queda de mais de 13%. Já a carne no supermercado recuou somente 2%.
? O que tem acontecido tanto nos últimos 12 meses, como nesse período de entressafra, é que os preços do boi estão cedendo pela oferta muito concentrada. Isso acontece em todas as regiões do Brasil principalmente a que tem mais confinamento. Então, o que acontece é que o preço do produtor tem caído mais do que tem caído na ponta, tanto no atacado, mas principalmente no varejo. Nesses momentos em que o consumo está muito bom, o consumidor está aceitando os preços, ele tende a segurar e não repassar a queda para simplesmente aumentar sua margem neste período ? ressalta o especialista no setor de carnes, Cesar de Castro Alves.
Enquanto os preços seguem firmes nos supermercados, a margem do produtor está ficando mais apertada.
? O grande gargalo está no preço do milho que subiu 17% de outubro do ano passado para cá e de janeiro para cá subiu entre 6% e 7%. Conversando com os pecuaristas a gente vê que teve uma alta de 18% nos custos de produção mesmo ? revela a analista de mercado, Renata Fernandes.
Luciano Vacari, que representa os produtores do Mato Grosso, critica a atuação dos supermercados. Segundo o Imea, desde fevereiro de 2005 o preço pago ao produtor apresentou alta de mais de 73%. No mesmo período os valores da carne para o consumidor passa de 145%.
O diretor econômico da Associação Paulista de Supermercados, Martinho Paiva, afirma que são os frigoríficos que deixam de repassar a queda nos preços.
? Se o frigorífico vende caro, nós vendemos caro. O que a gente tem observado é que os frigoríficos têm retido boa parte do preço que o produtor tem abdicado e não tem favorecido o varejo, o supermercado ? aponta.
Segundo analistas, a tendência para os próximos meses é de demanda aquecida e de oferta restrita, o que levaria a uma alta tanto para o produtor, quanto para o consumidor.
? A perspectiva é uma carne firme no varejo. Esses preços não vão cair, pelo contrário, podem até subir porque o final do ano é mais demandado ? revela Cesar de Castro Alves.
Procurado pela produção do Canal Rural, o presidente da associação que representa os frigoríficos, Péricles Salazar, afirmou que pelos dados do período de outubro do ano passado a outubro deste ano, os preços em Mato Grosso e em São Paulo permaneceram estáveis. A carne no varejo aumentou mais que no atacado. Ele afirmou ainda que os supermercados continuam mantendo suas margens de lucro acima das praticadas pelos frigoríficos.