O sobe e desce de preços preocupa e incomoda o produtor rural.
? Seria bom se tivesse um preço, vamos supor, R$ 0,70, e que fosse o ano inteiro. Aí poderia se ter uma programação até final do ano. O produtor teria como fazer um programa baseado neste preço ? afirma o produtor rural Alessandro Zanotti.
A área de pastagem dos animais de Zanotti ainda está escassa por causa da seca de alguns meses atrás que comprometeu a alimentação do gado e a produção também. Das 18 vacas que tem, ele consegue tirar hoje, em média, 350 litros de leite por dia. Ele conta que em julho deste ano chegou a vender o litro a até R$0,80 . Atualmente, entrega a R$ 0,67. O caminhão do laticínio passa na propriedade dele pra recolher o produto a cada dois dias. Já teve época em que a entrega era diária, quando a produção passava dos 400 litros.
Caiu a produção, caiu o preço, mas não caiu o custo para o produtor este ano. Pelo contrário. Entre janeiro e fevereiro, Alessandro pagava R$ 20,00 por uma saca de milho. Hoje está mais de R$ 30,00. Assim foi com o farelo de soja, de trigo e de tudo o que ele precisa comprar para complementar a alimentação do gado. O desequilíbrio entre o que um produtor médio como ele ganha e gasta reflete a situação de todo o mercado de leite hoje no Brasil.
? Não tem como você dar o mesmo trato da vaca num custo do leite baixo. Não tem como.
Segundo levantamento da Scot Consultoria, especializada em pesquisa agropecuária, de julho para cá o custo de produção na pecuária de leite subiu 23%. A pesquisa mostra também que a queda no preço do leite dos últimos meses se deve a uma maior produção. A oferta no mercado aumentou 10% no primeiro semestre deste ano. De janeiro a julho de 2010 a captação de leite cru feita pelos laticínios e cooperativas no Brasil ultrapassou os 10 bilhões de litros. Em função disso, o preço que chegou a R$ 0,80 no mês de maio caiu para R$ 0,70 agora. Em outubro, produtores de São Paulo receberam um pouco mais, uma média de R$ 0,76.
Segundo os analistas até o fim do ano a tendência é de estabilidade ou, no máximo, uma discreta alta nos preços. Uma reação maior mesmo só deve ser percebida pelo produtor a partir do ano que vem. Essa é a expectativa também da Leite Brasil, associação que representa os produtores. O presidente, Jorge Rubez, diz que, mesmo assim, o consumidor não deve pagar mais por isso.
? Permanece para o consumidor na maneira que está no supermercado. Se tiver aumento é insignificante. E para o produtor vai ter que ter um reajuste.