O secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Darlan Palharini, explica que o encarecimento é consequência da variação climática.
– Além do aumento dos insumos, tivemos um período de geadas, e isso castigou a pastagem de verão. O valor que o produtor recebe é baseado no que a indústria consegue vender ao atacado. Se esse preço não sofrer reajuste, não terá como recuperá-lo.
O Estado de Goiás foi o que registrou a maior alta no Brasil, com 3,7%, em uma média de R$ 0,85 o litro. Já o Rio Grande do Sul teve um acréscimo de 0,9%, com o valor médio do litro em torno de R$ 0,74.
O produtor rural gaúcho Cristiano dos Santos recebe hoje R$ 0,83 por litro. Ele acredita que o valor, acima da média nacional, está relacionado à qualidade do produto oferecido.
– Qualquer centavo de aumento é significativo para quem produz mais de 35 mil litros por mês, e dá um reflexo, ajuda nas despesas da propriedade. Com a normativa 51, nós estamos investindo na propriedade do leite, e o reflexo do nosso preço ser maior é pela qualidade.
O diferencial do produtor se encontra em uma tecnologia israelense, adotada há três anos na propriedade.
– Nós temos a tecnologia na qual as vacas têm pedômetros que identificam se ela está no cio ou doente. Esse sistema permite um gerenciamento de rebanho.
A alta no preço pago ao produtor, no entanto, não se compara ao aumento no custo de produção. Em 2012, essas despesas aumentaram 20% em relação ao ano passado e o item que mais pesa é a alimentação dos animais.
O custo de produção de Santos é de R$ 0,78 o litro. Ele recebe apenas R$ 0,05 de lucro. O aumento da ração dos animais foi o responsável por impossibilitar maiores vantagens.
– Nosso custo aumentou devido à alta do milho e da soja. A ração subiu muito de um ano para cá e isso impacta nas nossas despesas fixas.
Em outubro deste ano, foram produzidos 37 mil litros de leite na propriedade de Santos, que contém 58 vacas. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o Rio Grande do Sul teve uma das menores captações de leite do país, justamente devido ao alto custo para manter a produção.
– A queda é devido à escassez da pastagem natural, porque a maneira de complementar a alimentãção seria com ração. Como não está havendo reajuste de preço ao consumidor final, o produtor vai se ajustando nessa questão de custo e, com isso, invariavelmente, ocorre uma diminuição da produção – explica Darlan Palharini.
O produtor Cristiano Santos considera que uma alternativa para o setor seria a implementação de políticas públicas que mantivessem um preço máximo para quem produz e depende da soja e do milho, já que a elevação dos custos desestimula a produção.