Matéria-prima para a fabricação do farelo que alimenta as aves, a soja acumulou alta de 74% e o milho, ainda em safra, já registra aumento de 37% nos preços. Os números apontados pela União Brasileira de Avicultura (Ubabef), são os responsáveis pela queda na produção, conforme o presidente Francisco Turra.
– Vários frigoríficos já anunciaram cortes de turnos, redução na produção e a consequência direta pode ser o desemprego neste semestre – salientou.
O frigorífico Diplomata precisou fechar duas unidades no Paraná, que produziam 110 mil aves por dia, na tentativa de driblar a crise. Com 11 unidades frigoríficas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a Cooperativa Central Aurora anunciou redução em 10% no alojamento de aves a partir desta semana.
Mensalmente, 1,2 milhão de aves deixarão de ser alojadas nos aviários pelo sistema integrado, reduzindo a renda no campo.
– Com o efeito cascata, a cadeia vai sofrer, do produtor ao consumidor – alerta o gerente de operações e logística da Aurora Celso Cappellaro.
Conforme o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), Eduardo Santos, produtores de ovos e aves de corte estão com dificuldade de manter o plantel. Na granja Zulian, em Erechim, no norte do Estado, o produtor Joel Zulian está usando o farelo armazenado da safra passada.
– Só tenho até setembro, se não baixar o preço até lá, não tenho como produzir – lamenta.
Os problemas na produção também devem ter efeito para o consumidor. A previsão da Asgav é que produtos como aves e ovos tenham aumento imediato de 10% a 15%, para compensar a alta de 25% no custo de produção.
A Associação Gaúcha dos Supermercados (Agas) já registrou aumento na carne de frango, de 8% no último mês. O valor que em junho era de R$ 4,71 subiu para R$ 5,11 esta semana. Os ovos tiveram pouca variação do preço praticado no ano passado, mas a perspectiva é que logo o aumento chegue também ao produto.
– A tendência é de piorar a situação – salienta o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
Retrato do setor
– A avicultura gera 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos no Brasil, 720 mil deles na indústria.
– No Estado, são 47 mil empregos diretos e 900 mil atividades indiretas
– 10,5 mil propriedades ligadas à agricultura familiar trabalham na cadeia produtiva
– A estimativa de alta nos preços dos produtos é de 15%
– A previsão de redução de alojamento e produção é de 10%