Para atender a demanda, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está realizando um estudo, que deverá ser concluído na semana que vem. Com os preços altos pagos pelo mercado, o governo, que oferece preço mínimo de garantia, mais 10%, não consegue ter um valor atrativo para comprar milho dos produtores. Os suinocultores pedem um aumento desse percentual para que os estoques do governo, hoje em 800 mil toneladas, possam chegar a pelo menos quatro milhões de toneladas, que garantiriam o consumo de um mês do grão no país.
A quebra da safra nos Estados Unidos provocou o aumento das exportações de milho produzido no Brasil. Com estoques internacionais baixos, o preço do produto disparou.
— A gente está exportando muito, gerando emprego lá no exterior, prejudicando a geração de emprego interna e nós temos um setor de aves e suínos que tá em grande dificuldade, principalmente, das grandes e pequenas. Nós temos quase 15 empresas falidas ou em processo falimentar no Brasil. Que dizer, nós estamos exportando milho em detrimento da política nacional estratégica de abastecimento com o milho — diz o consultor em agronegócio Clímaco César.
O governo federal tem apenas 800 mil toneladas do grão nos estoques públicos, o que é pouco, segundo o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes.
— Os estoques para balcão também estão muito reduzidos agora. O decreto que fazia milho a R$ 21,00 para os Estados do Sul vai até 31 dezembro e é um fornecimento social para pequenos e médios produtores. O governo não tem mais estoque, ou seja, o milho balcão que vai ser fornecido é a preço de mercado e não se sabe a qualidade que tem esse milho — afirma Lopes.
Atualmente a política de contrato de opção de venda prevê que o governo pague o preço mínimo de garantia, que varia de R$ 12,60 a R$ 20,10, dependendo da região do país, mais 10%. Como o mercado paga até R$ 35,00 pela saca de 60 quilos, a Conab estuda a possibilidade de aumentar esse percentual.
— Estão sim havendo algumas discussões sobre esse assunto. Há possibilidade. Para isso, depende só da Conab, então é um estudo que é feito. A gente faz dentro da análise técnica, propondo um índice que está sendo discutido com o Ministério da Agricultura — comenta o analista de mercado de milho da Conab, Thomé Guth.
Levantamento da Conab estima que o milho primeira safra terá uma quebra de 0,2% e, em função do atraso nas chuvas, o plantio no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país começou com um mês de atraso. A esperança é que o milho segunda safra tenha um desempenho tão bom quanto no ciclo passado, quando a produção cresceu mais de 70%.
— Claro, vem a safrinha, mas também as chuvas um pouco atrasadas para o plantio e aí a nossa expectativa é que a gente passe dificuldade na virada de ano para que a gente consiga milho para a produção da pecuária brasileira — diz o representante da ABCS.