O resultado pode ser atribuído à melhoria das cotações no mercado internacional e ao incremento da demanda por parte das indústrias.
? Quando há recuperação de mercado e há necessidade de matéria-prima, as cotações do spot reagem. É o que está acontecendo neste momento ? explicou Alvim.
O último levantamento divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em dezembro, apontou uma queda de 5,45% na média nacional dos preços pagos aos produtores de leite, referentes à produção entregue em novembro. A média considera sete Estados (MG, RS, SP, PR, GO, BA e SC) e atingiu R$ 0,6024/litro. De agosto a dezembro, houve queda de 17,2 centavos por litro. Entretanto, conforme o próprio Cepea, a tendência baixista poderia se encerrar em janeiro, caso seja mantida a sazonalidade típica.
As sinalizações, conforme o presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA, confirmam as perspectivas de que o setor de Alimentos e, dentro dele o segmento de lácteos, se recuperaria mais rápido do que outros, após a crise financeira internacional. Além disso, é um alento para o setor que fechou o ano passado com o primeiro déficit na balança comercial de lácteos em cinco anos.
Dados da Comissão de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), divulgados nesta quarta, dia 27, apontam que no acumulado do ano, na comparação com 2008, a receita com as exportações de produtos lácteos caiu 69,2%, para US$ 166,8 milhões, sendo que o volume vendido foi 53,5% menor, de 69,1 mil toneladas. Em contrapartida, as importações subiram 24,2%, para US$ 264,8 milhões, com um crescimento de 70,9% no volume, de 133,1 mil toneladas. Com isso, o saldo da balança comercial passou de um superávit de US$ 328,4 milhões em 2008, para um déficit de US$ 98 milhões no ano passado.
Grande parte deste resultado foi influenciada pela entrada expressiva de leite em pó proveniente da Argentina e do Uruguai no país, a preços abaixo do mercado internacional, nos primeiros quatro meses de 2009. Um compromisso foi firmado no final de abril entre os pecuaristas brasileiros e o Centro da Indústria Leite Argentina, para limitar as exportações do produto em pó para o Brasil em até 2,5 mil toneladas por mês entre abril até dezembro. Da mesma forma, desde abril do ano passado está em vigor o sistema de licenças não automáticas para importações de leite em pó do Uruguai. Os dois países responderam por 88% do volume de importações de leite pelo Brasil.