O pecuarista William Labaki cria desde 1978 animais da raça leiteira Jersey, na região de Itu, interior de São Paulo. As 50 fêmeas em lactação de seu rebanho produzem 700 litros de leite por dia. Ele afirma que, apesar do preço pago pelo leite ter subido no último ano, o avanço do custo foi maior.
? Os custos foram majorados este ano principalmente nos insumos concentrados. A ração mineral também aumentou de preço, mas a ração do concentrado, que se dá para a vaca leiteira, aumentou substancialmente ? afirma.
A elevação sentida pelo pecuarista é reafirmada pelo analista de mercado, Rafael Ribeiro. Segundo dados da Scot Consultoria, o custo teve uma alta de 40% em relação a 2010, enquanto que o preço pago pelo leite subiu pouco mais de 16%.
? Uma questão importante este ano foi a alta dos custos de produção, principalmente afetado pela alta dos preços dos alimentos. Você tem hoje um milho até 30% mais caro que no ano passado. O próprio farelo de soja subiu aí pelo menos 5%. E hoje a gente tem a alimentação com mais ou menos 40, 50% dos custos operacionais. Então a gente tem a alta dos alimentos puxando os custos de produção para cima, apesar dos preços bons que a gente tem recebido pelo leite no caso do produtor ? ressalta Ribeiro.
Os custos da pecuária leiteira também são pressionados também pela mão de obra, que teve o salário mínimo reajustado nos últimos meses, e pela logística. Em algumas regiões, o transporte chega a ter uma participação de 25% no preço do leite.
? O frete hoje é um fator que, principalmente nas regiões de acesso mais difícil, tem pesado nesses custos de produção. Então é preciso trabalhar a logística, não só de coleta de leite e distribuição desses produtos, mas também a própria logística de insumos que acaba encarecendo ? avalia Ribeiro.
Na tentativa de melhorar as margens, os criadores têm investido na alimentação de melhor qualidade e no manejo mais eficiente para aumentar a produtividade.
? O que a gente lança mão é de tecnologia. Produzindo o volume seco com a maior produtividade possível, oferecendo os concentrados da maior qualidade possível para aumentar a produtividade do rebanho ? diz Labaki.
Ribeiro aponta que planejar melhor as compras e aproveitar as pastagens são as saídas mais viáveis para reduzir os custos.
? É preciso ficar atento aos momentos sazonais de compra de insumos e traçar uma estratégia de compra, visto, por exemplo, que na boca da safra existe uma pressão de baixa sobre os preços dos grãos. É preciso também utilizar esse potencial que a gente tem hoje na pecuária brasileira que é justamente a boa oferta de volumoso, de capim ? afirma o analista de mercado.