– No Brasil, estamos caminhando para o ponto de inflexão do ciclo da pecuária. Temos aumento de estoques de vacas e bezerros. Poucos países estão nesse processo de recomposição do rebanho. O criador brasileiro ainda está com boa produtividade – disse o executivo.
Segundo ele, em um mundo de demanda crescente, o Brasil ocupará uma posição única no mundo como fornecedor de carne bovina, já que o que se observa é uma redução na produção da proteína nos principais concorrentes do país, principalmente os desenvolvidos.
– Na Europa, estão diminuindo os subsídios à produção; nos Estados Unidos, temos o menor rebanho dos últimos 60 anos e o foco está no subsídio ao etanol e os produtores estão deixando a atividade pecuária para investir em etanol. Na Austrália, temos rebanho estável (flat) e não aumenta por falta de água. Na Argentina, problemas internos políticos prejudicam o setor. Estamos no lugar certo para produzir proteínas – explicou o executivo.
Ele também disse que 2012 será um período sem grandes “surpresas” no preço da arroba do boi.
– Os contratos negociados na BM&FBovespa indicam preços 5% menores para o ano que vem – declarou.
Com relação à demanda, no mercado doméstico, é “bastante pujante, ainda mais com crescimento de renda da população.” O Nordeste é uma região-foco da empresa para o ano que vem.
No mercado externo, conforme Queiroz, a demanda por carne bovina continuará, principalmente em mercados em desenvolvimento. Sobre China, o executivo disse que há um grande potencial de aumento de demanda. O consumo per capita na China é pouco, cerca de 3 quilos/ano.
– Mas fizemos uma conta: se cada chinês consumir pelo menos um hambúrguer a cada dois meses, há um aumento de um quilo no consumo per capita/ano. Vemos que a China cada vez mais está se direcionando para um consumo ocidentalizado – declarou.
Hoje, 8% do volume exportado da companhia são para Hong Kong e China continental. Se incluir países do Oriente Médio, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos, países que também estão mais flexíveis para exportações de proteínas, esse porcentual passa para 40%.
Rússia e Paraguai
Queiroz informou que sua unidade no Paraguai está operando normalmente, com produção destinada ao mercado interno, Brasil e Rússia. Para o Chile, grande mercado consumidor da carne paraguaia, a empresa está atendendo o país de unidades brasileiras.
– Essa é a beleza da diversificação geográfica – ressaltou.
Sobre o embargo russo a frigoríficos brasileiros, Queiroz se mostrou confiante na reversão da medida adotada pelo país.
– Os técnicos estão visitando unidades brasileiras, inclusive algumas nossas. Só de estarem fazendo essas visitas, é um sinal de reversão do embargo e até novas habilitações de unidades em breve – declarou.