– Historicamente, vínhamos desde 2000 com crescimento acima do PIB. O PIB brasileiro crescia 6%, a avicultura crescia 9%. O primeiro ano que estamos abaixo do PIB foi este – destacou o Presidente Executivo da Ubabef, Francisco Turra.
A redução na produção foi reflexo da disparada dos preços do milho e da soja no ano passado, que representam os principais custos do setor. Esse impacto nos gastos com ração foi seguido pela ausência de créditos para avicultores e agroindústrias, o que resultou na paralisação de diversas empresas do setor e em milhares de demissões.
– A avicultura brasileira enfrentou em 2012 a maior crise de sua história. E as consequências só não foram mais acentuadas porque estamos falando de um setor muito sólido – apontou Turra, frisando que a produção avícola atravessou esta conjuntura mantendo seus atributos de qualidade, sanidade e sustentabilidade.
Segundo o presidente da Ubabef, existe expectativa de maior produção de grãos por parte de países do Hemisfério Sul em 2013 e os contratos futuros para negócios com milho e soja indicam patamares de preços abaixo dos que foram praticados no ano passado.
Mercado interno
Do total da produção de frango, 69% foram destinados ao mercado interno, mantendo a média histórica. O principal cliente da carne de frango produzida pela avicultura nacional é o consumidor brasileiro.
O Paraná, com 29,7%, foi o Estado que liderou os abates de frangos em 2012. Os outros principais produtores foram Santa Catarina, com 17,7%, Rio Grande do Sul, com 14,4%, e São Paulo, com 12,7%.
Segundo o analista de mercado César de Castro, o resultado teria sido pior se a produção nas granjas não tivesse sido reduzida no primeiro semestre. Para ele, a decisão ajudou a salvar muitas fazendas.
– As granjas diminuíram a produção, a oferta caiu e os preços estavam melhores quando estourou o milho no segundo semestre. Isso ajudou, foi o contrário do que aconteceu com os suinocultores – sublinha.
Exportações
As exportações da avicultura brasileira (carnes de frango, peru, pato, ganso e outras aves, ovos e material genético) totalizaram US$ 8,362 bilhões em 2012, com redução de 5,5% em relação a 2011. Em volume, as exportações avícolas somaram 4,138 milhões de toneladas, com aumento de 0,5%.
Os embarques de carne de frango, principal produto das exportações avícolas brasileiras, somaram 3,918 milhões de toneladas em 2012, com redução de 0,6% em relação a 2011. A receita totalizou US$ 7,703 bilhões, com queda de 6,7%. O preço médio das vendas foi de US$ 1,9 mil a tonelada, em redução de 6,1%.
O mix das exportações brasileiras em 2012 foi composto por 55% de frango em cortes, 35% de frango inteiro, 5% de frango salgado e 5% de frango processado.
O principal destino da carne continua sendo a Arábia Saudita, seguida da União Europeia e do Japão. A receita das exportações caiu 5,5%, consequência de um câmbio desfavorável. Ainda assim, avicultores dizem que conseguiram manter a competitividade.
Expectativas
O presidente executivo da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, disse esperar para o ano de 2013 um crescimento de 3% no volume exportado de carne de frango.
– Estamos mais empolgados com as exportações do que o mercado interno. Hoje vendemos para 154 países. Neste ano queremos abrir os mercados da Nigéria, Argélia (para carne fresca, porque já há embarques de itens processados), Indonésia, Malásia e Camboja – disse Turra.
Também há a expectativa de concretização da abertura do mercado da Índia, onde o fator impeditivo é a tarifa de importação de carne de frango, hoje de 100% para cortes e 30% para o frango inteiro. Mesmo sem citar um porcentual de receita cambial para o ano, o presidente da Ubabef disse que o objetivo no ano é exportar mais produtos de maior valor agregado. Em 2012, a participação dos processados no volume exportado foi de 5%.
– Também esperamos que o dólar mantenha o patamar atual no ano, mas é um fator que não está no nosso controle. E temos que observar os preços praticados pelos nossos mercados – completou o diretor de mercados da Ubabef, Ricardo Santin.
Sobre mercado interno, Santin acredita que a retomada do crescimento da economia brasileira pode beneficiar o consumo. Em 2012, o consumo per capita ficou em 45 quilos ante 47 quilos de 2011. Segundo ele, sem um crescimento da economia e com preços altos devido ao custo de produção, a demanda interna retraiu.
De acordo com Francisco Turra, a logística é um tema que precisa ser encarado em 2013.
– Outra meta é a monetização dos créditos. Nosso setor tem crédito abundante junto ao governo. O que vamos propor? Devolva cem e investimos 60. E é dinheiro do setor , não é do tesouro, é do setor – conclui Turra.