Após quase um ano de desenvolvimento, uma formulação de um produto à base de óleos essenciais, capaz de controlar carrapatos em bovinos de forma rápida e eficiente, está pronta para ser comercializada. A informação é do Instituto de Zootecnia de São Paulo, que desenvolveu o produto em parceria com a s secretarias da Agricultura e do Abastecimento do estado e com a empresa HYG System.
Conforme pesquisadores do Instituto de Zootecnia, o projeto teve início em 2015 e, no ano passado, recebeu um aporte financeiro do setor privado. O diferencial do produto seria a não utilização de compostos sintéticos em sua fórmula e pela ação rápida sobre os carrapatos.
Testes preliminares em animais mostraram que a morte dos carrapatos ocorre em 48 horas, independente da fase do parasita, seja larva, ninfas, machos ou fêmeas. Ao longo da primeira semana, observou-se a redução significativa da contagem de carrapatos nos animais testados.
O teste in vitro mostrou 100% de mortalidade da fêmea, que nem chega a colocar os ovos. “Normalmente, os produtos químicos utilizados na forma de aplicação Pour-on (aplicação no fio do lombo) demoram de sete a 10 dias para começar a agir. Quanto mais rápida a eliminação dos carrapatos, principalmente das fêmeas que sugam o sangue do animal, mais rápida será a recuperação do peso e produtividade”, explicou o farmacêutico e aluno de pós-graduação em Produção Animal Sustentável do Instituto de Zootecnia, Leandro Rodrigues
Segundo o instituto, o preço do produto no mercado deverá competir com os carrapaticidas em uso. “A aplicação é feita pulverizando as áreas onde há maior contração de carrapatos, como períneo, axila, barriga ou pescoço. Esta é mais uma opção que a pesquisa paulista disponibiliza aos produtores rurais”, diz a pesquisadora Cecília José Veríssimo, que trabalha com o controle do carrapato-do-boi há mais de 30 anos.
“O projeto é muito positivo, pois com esse trabalho de parceria priorizamos o desenvolvimento de um produto que seja usufruído de imediato pelos produtores, beneficiando, principalmente, os animais, por ser de origem natural”, explica a pesquisadora Luciana Morita Katiki.
De acordo com estimativas publicadas em 2014, coordenadas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), as perdas decorrentes da infestação de carrapatos em bovinos ultrapassam US$ 3 bilhões por ano no Brasil. Cecília explica que o carrapato-do-boi ataca principalmente as raças de origem europeia, sendo a Holandesa, utilizada para produção de leite, muito suscetível.
“As raças zebuínas, como Nelore, Gir e Guzerá, muito utilizadas no Brasil, têm resistência natural aos carrapatos, diferente das raças europeias, muito suscetíveis a esses ectoparasitas”, explica. Além disso, os carrapatos transmitem duas doenças aos animais, a anaplasmose e a babesiose, conhecida popularmente como tristeza parasitária bovina, que ocasionam febre alta e anemia, podendo causar a morte de bezerros”, falou.
Ainda não há informações sobre o lançamento do produto no mercado.