Schiavinato passou por várias dificuldades nos últimos anos: preços em baixa, custos altíssimos, uma sucessão de acontecimentos que em 1998 o fizeram colocar a fazenda à venda.
– Foi uma época de depressão grande dos preços, dos produtos. Aqui no Estado de São Paulo foi uma época de liquidações de plantel – conta.
Antes de tomar uma atitude tão radical, Schiavinato optou por uma última investida: pecuária orgânica. Para isso, era preciso mudar tudo na propriedade, adotando uma série de ações sustentáveis.
A transformação não foi fácil e conquistar a certificação exigiu investimentos. Na fazenda de quase 100 hectares não havia quase nada de matas nativas quando a propriedade foi comprada por Schiavinato, em 1988. Para se tornar sustentável e orgânica, as áreas de preservação permanente foram todas recuperadas, a outorga da água foi regularizada e até a irrigação passa hoje por um processo biológico que trata os efluentes e, depois do tratamento, envia a água para irrigação das pastagens.
– No primeiro momento, eu tive a motivação econômica e um pouco daquilo que eu pensava da produção, mas quando eu entrei no orgânico, a propriedade mudou como um todo. Eu mudei também, a gente começa a entender que precisa trabalhar com a natureza, com sistemas sustentáveis, porque isto gera melhoria no sistema de produção.
– A propriedade é todinha orgânica, desde a parte vegetal até a parte animal. Na vegetal, não usamos nenhum tipo de agrotóxico; e na parte animal não usamos nenhum tipo de medicamento alopático. A gente trata os animais com homeopatia e fitoterápicos – explica o pecuarista.
Os resultados econômicos logo apareceram. A fazenda, que quase foi vendida, virou modelo de produção ecológica com direito à parceria com a Embrapa, servindo como unidade de demonstração de pecuária e horticultura orgânica.
– Nós temos um know-how nosso, que a gente já vinha desenvolvendo dentro da propriedade, e a Embrapa entrou principalmente para ajudar na produção animal. Com a ajuda deles começamos a melhorar o manejo das pastagens, todo trabalho com o rebanho, tudo isto deu um salto de produção muito grande na propriedade.
O volume diário de 1.400 litros de leite é utilizado na produção de iogurte, queijo, requeijão, manteiga e outros derivados. Tudo artesanal, orgânico e certificado pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO).
– A gente tem que se preocupar com o meio ambiente, com esta questão de sustentabilidade, isto não é contra a questão da produção, dá para gente aliar as duas coisas e pensar no futuro, nos nossos filhos, nossos netos, nas gerações futuras, isto é fundamental pra continuar o nosso trabalho e ser respeitado.
Hoje, a fazenda serve até de roteiro turístico para quem deseja conhecer a vida no campo e as práticas de produção orgânica.
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