Uma carreata reuniu na manhã desta segunda-feira, produtores integrados ao frigorífico da JBS em Passo Fundo (RS). Eles protestavam contra uma decisão da prefeitura que na sexta, 8, interditou a unidade da empresa no município por 15 dias. O grupo pedia a reabertura da empresa.
Gilmar Rodrigues, que é produtor rural integrado da empresa, afirma que possui mais de 200 mil frangos em sua propriedade que teriam que ser abatidos na unidade de Passo Fundo. “A gente quer trabalhar, queremos produzir mas há entraves”, conta.
Ele explica ainda que a situação é agravada já que há uma programação inicial de abate de aves. ‘Quanto mais o tempo passa, mais gasto, mais prejuízo e mais perda de aves teremos. Aguentamos continuar assim até certo tempo, mas vai chegar um momento em que o frango terá que ser abatido”, explica.
A estimativa dos organizadores da manifestação é que o protesto tenha reunido cerca de 3 mil pessoas e entre 500 e 800 veículos. A projeção é que deixe de circular na cidade cerca de R$ 10 milhões de reais com a paralisação da unidade.
Esforço para reverter situação
De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) uma videoconferência foi realizada nesta segunda-feira com promotores, procurador-geral, representantes do governo estadual e outras entidades para encontrar uma solução para o caso.
O presidente da ABPA, Francisco Turra, comenta ainda que já há pedidos por parte da BRF, outra empresa que está paralisada por determinação da Justiça, de local apropriado para que cerca de 400 mil aves/ dia e 4 mil suínos/ dia sejam enterrados, resultado de possíveis abates sanitários.
“E não há como enviar para outra planta frigorífica estes animais porque as indústrias não podem operar com mais velocidade pois foi assinado um TAC [Termo de Ajuste de Conduta] com o Ministério Público do Trabalho”, explica.
Posição
A prefeitura de Passo Fundo informou que a interdição da unidade da JBS foi cautelar porque a vigilância em saúde do município entende que foram desrespeitadas regras sanitárias e epidemiológicas, colocando em risco a saúde da população e que a empresa deveria monitorar também os colaboradores afastados. Em nota, a prefeitura ainda ressalta que a medida não tem relação com a decisão da Justiça do Trabalho, que autorizou a reabertura da planta, mas que busca a proteção da população.
Já a JBS disse que, conforme determinação do governo federal e do Rio Grande do Sul, a produção de alimentos é considerada atividade essencial para minimizar os impactos da Covid-19. A empresa afirmou ainda que desde o início da pandemia tem feito esforços para manter a produção com rígido controle da doença em suas instalações.
Sobre a situação em Passo Fundo, a companhia diz que a unidade vem sofrendo com decisões que contradizem a realidade, provocando insegurança jurídica e a readequação da produção na região. Ela também anuncia na nota que, diante destes fatos, já informou aos seus mais de 600 integrados que vai reduzir o alojamento de animais a partir desta semana.
A BRF informou que vai entrar com novo recurso para reverter decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, do final de semana, que manteve a unidade da empresa em Lajeado, fechada por 15 dias.
A companhia afirma que está muito segura do cumprimento efetivo de todas as medidas protetivas e protocolos indicados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde para garantir a saúde e segurança de seus colaboradores. A empresa ainda avalia as melhores medidas para definir o destino dos animais que seriam abatidos na unidade.