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Produtores incentivam consumo de carne de bode e criam novo nicho de criação no Paraná

Com foco no mercado caprinocultores conquistam consumidoresProduzir com foco no mercado. Com essa preocupação produtores rurais do município de Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná, se uniram e traçaram projeto para criação de caprinos. Desde a sua criação, há seis anos, a ação caminhou com foco no mercado consumidor.

? Não adianta produzir, se não tem para quem vender ? afirma a produtora e zootecnista Tatiana Gonçalves Mezzono.

Para trabalhar de forma organizada, os produtores criaram a Coopercarnes. O início não foi fácil. O primeiro desafio foi vencer a questão cultural. O Paraná não tem tradição com a caprinocultura. A maioria da população é formada por descendentes de italianos e poloneses que, predominantemente, consomem carne bovina, de cordeiro e de ovelha. Os produtores decidiram investir na caprinocultura exatamente porque acreditavam ser um novo nicho de mercado.

O problema é que eles não tinham prática no manejo de cabras e tiveram que iniciar do zero.
? Percebemos que havia muito a ser feito, tanto com o produtor quanto com o comerciante e o consumidor ? explica Tatiana.

O primeiro passo foi buscar parcerias nos 42 municípios que formam o sudoeste do Paraná. Logo no começo, foram capacitados 25 técnicos que, posteriormente, repassaram o conhecimento adquirido aos produtores rurais. O segundo passo foi vencer a resistência que havia na região para o consumo da carne de bode.

? Precisávamos tornar a carne conhecida pela população e incentivar seu consumo ? diz a produtora.

Um dos caminhos encontrados foi a participação em feiras.

? Conseguimos divulgar, derrubar mitos quanto à questão do sabor e à consistência da carne, apresentar sua variedade de preparo e promover cursos para chefes de cozinha ? informa Tatiana. Com isso, os consumidores passaram a cobrar nos açougues a carne de bode consumida nas feiras, o que obrigava o comerciante a buscar o produtor.

? Para nós, isso era ótimo. No início, nosso conhecimento se restringia da porteira para dentro. Da porteira para fora, na parte de comercialização, não sabíamos como fazer ? lembra.

Com o apoio do Senar e do Senac, a cooperativa capacitou chefes de cozinha e donos de estabelecimentos no preparo e conservação da carne. Com o sucesso nas feiras regionais, os produtores passaram a buscar novos mercados.

? Ao percebemos que o desafio local já tinha sido superado, começamos a procurar os restaurantes de Curitiba. Descobrimos que a carne de bode oferecida nos estabelecimentos vinha do Uruguai. Com persistência e oferecendo produto de qualidade, conquistamos uma fatia desse mercado ? relembra a produtora.

Para fechar contrato com um restaurante árabe de Curitiba, Tatiana teve que aceitar um desafio. Por dois meses os freqüentadores, sem saber, consumiram a carne vinda do Paraná e depois a do Uruguai.

Pelo sabor e maciez da carne, os consumidores optaram pela carne vinda de Francisco Beltrão. Na Coopercarnes, o cabrito da raça Boer é abatido com, no máximo, seis meses de idade, o que evita uma carne rígida e de gosto forte. Até março de 2010, os produtores pretendem inaugurar o primeiro frigorífico do Brasil especializado em abater caprinos e ovinos. O investimento vai custar aos produtores R$ 5 milhões. Metade do valor será dos 25 produtores que integram a cooperativa.
? Desde o início, há seis anos, cotizamos um valor mensal para essa finalidade ? explica Tatiana.

A outra metade está sendo financiada pelo Banco do Brasil. Atualmente, a cooperativa terceiriza o serviço de abate de um frigorífico de São Paulo.

A Coopercarnes já recebeu duas missões árabes.

? Eles querem uma quantia de carne que ainda não conseguimos produzir. Mesmo assim, eles garantiram que vão aguardar a cooperativa aumentar sua capacidade ? festeja Tatiana.

O novo frigorífico terá capacidade para abater 500 animais por dia. Hoje, esse número é de 900 animais por mês, totalizando 15 toneladas de carne de cabrito abatida. Cada carcaça sai a R$ 225, o que gera um volume de aproximadamente R$ 21 mil por mês.

Para reforçar a marca e o produto, a cooperativa encomendou pesquisa na Universidade Federal do Paraná para mostrar os nutrientes que a carne de cabrito tem.

? O estudo demonstrou que a carne é recomendável para cardíacos e diabéticos, já que possui alto valor protéico e baixos índices de colesterol. Essas são informações que vão ampliar o nosso leque de oportunidades ? disse a produtora.

O próximo passo é investir em uma forte campanha de publicidade.

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