A família Kunz tem tradição na criação de aves em Montenegro, a 55 km de Porto Alegre (RS). Edgard Kunz alojou os primeiros pintos em 1967.
— No início foi 100 cada lote, daí foi passando pra 200, depois 400, 500, mil e hoje estamos nos 42 mil, sempre foi subindo, sempre. A gente gostou disso aí — comenta Kunz.
Por mais de 40 anos foi a avicultura que sustentou a família. Por isso, o atraso de quase um ano no pagamento dos lotes deixou todos desolados.
— Na roça, a gente, às vezes, deu lágrimas nos olhos, só que não podia mostrar. E tinha que continuar no serviço, tinha que fazer aquilo que trazia algo para a gente — diz a produtora Araci Kunz.
— A gente contava com outra cultura, que seria os citrus, que foi com o que a gente conseguiu se manter. Com a renda de uma cultura a gente pagou outra — afirma o produtor Leonardo Kunz.
Com o pagamento das dívidas aos integrados da Doux, as atividades começam a voltar ao normal. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montenegro, esta foi a mais grave crise vivida pelo setor no Estado.
A previsão é de que os alojamentos sejam normalizados em no máximo um mês. A cada dia, são entregues 850 mil aves. A família Kunz deve receber os novos lotes em uma semana.
— A empresa vai voltar a alojar os pintinhos nas granjas e o abatimento vai começar a normalizar. E com aquela tendência de aumentar mais, em quase 50%, a capacidade de abate dos frangos — afirma o presidente do sindicato, Romeo Krug.