Conforme o assessor de Política Agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetag), Airton Hochscheid, a medida pode tirar do mercado boa parte das 120 mil famílias que dependem da atividade.
— Se a lei fosse implementada hoje, da forma como está escrita, de 20% a 30% dos produtores não estariam adequados. Nós precisamos ver de que forma esses produtores venham a se adequar ao que exige a norma para não ficarem fora da produção e comercialização do produto — afirma Hochscheid.
A proposta das entidades é uma nova prorrogação.
— Nós precisamos implementar a normativa, mas precisamos que aquele produtor que não está adequado possa ter um período de seis meses ou até um ano para corrigir ou aperfeiçoar seu processo de produção — explica o assessor.
Um dos fatores que ainda preocupa é redução no número de células somáticas aceitáveis nas amostras de leite. Células somáticas se reproduzem em defesa do organismo e migram para o leite quando existe risco de doenças como a mastite. Para garantir o cumprimento das exigências, o produtor precisa garantir a temperatura do leite após a ordenha e deve contar com um tanque de resfriamento.
A Fetag quer também mais prazo para que os produtores que conseguiram renegociar a dívida possam voltar ao crédito e adquirir os equipamentos. Uma indústria de equipamentos para ordenha do Rio Grande do Sul viu a oportunidade e está reduzindo os valores dos tanques em 7%.
— O produtor de leite tem que entender que (os tanques) são obrigatórios. Já existem normas, leis, para ter um refrigerador de leite — diz Leandro Einsfeld, diretor da Sulinox.
A campanha de redução de valores deve prosseguir até janeiro. Uma negociação com fornecedores e a compra de aço a preços mais acessíveis poderá manter o desconto por mais tempo. O diretor da empresa garante que com o uso de tecnologias, o Brasil não deve nada para os grandes produtores do mundo.
— A tecnologia das nossas fazendas já estão chegando em patamares excelentes. Nós temos uma cultura muito grande da agricultura familiar, enquanto outros países fizeram uniões de fazendas. Ainda assim, eu imagino que dentro deste universo cultural do Brasil nós vamos conseguir alcançar resultados muito significativos no crescimento do leite — estima Einsfeld.