Produtores de leite de cabra querem uma legislação federal específica

Desafios para o crescimento da produção estão sendo discutidos na VII Feinco, em São PauloProdutores de leite de cabra querem uma legislação federal específica para o setor. Para vender derivados no mercado, eles precisam seguir as mesmas regras da bovinocultura de leite e adquirir maquinário para uma produção muito acima da realidade. Os desafios para o crescimento da produção estão sendo discutidos na VII Feira Internacional de Caprinos e Ovinos (Feinco), em São Paulo.

O leite de cabra vem conquistando espaço cada vez maior no mercado de lácteos. De fácil digestão e com menor teor de colesterol e açúcar, o produto é indicado para crianças. Além do leite, derivados como queijo e iogurte já caíram no gosto do consumidor. Por causa disso, mais criadores de caprinos têm investido na fabricação de queijo. É o caso de Maria Pia Guimarães, produtora em Minas Gerais. Com 200 animais, ela fabrica 12 mil quilos de queijo de cabra por ano e acredita que o mercado só tem a crescer.

Com um rebanho menor, mas não com menos otimismo, José Osvaldo Tavares cria caprinos há 25 anos. Lá na cidade dele, em Contagem, Minas Gerais, o litro do leite de cabra é vendido a R$ 3. No caso de Tavares, R$ 1,50 é só de lucro para o produtor.

De acordo com o IBGE, o Brasil tem 14 milhões de cabeças de caprinos. Os números da produção de leite não são oficiais, mas estima-se que chegue a oito milhões de litros por ano, oferta que, segundo associações de criadores, não é suficiente para suprir a demanda.

Segundo os criadores, este mercado só não é maior por causa de um problema ligado à legislação. Eles explicam que não existe uma lei específica para derivados de leite de cabra. Assim, os produtores precisam atender as mesmas exigências do leite de vaca.

Para a presidente da Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos de Minas Gerais (Caprileite), Aurora Gouveia, esse é o grande obstáculo para o crescimento da atividade. Ela diz ainda que, por causa disso, muitos produtores acabam ficando na ilegalidade.

Até uma câmara setorial federal foi criada para defender as reivindicações do setor junto ao governo. Porém, enquanto aguardam uma regulamentação, os produtores abusam da criatividade buscando aumentar a renda. Além do queijo, fazem biscoito, doce de leite e cocada a base de leite de cabra. Além disso, os cosméticos também fazem sucesso: tem sabonete, hidratante, xampu e condicionador.