Antes do embargo, a suinocultura vivia um momento favorável. Na ultima década, o volume anual de animais prontos para o abate saltou de 650 mil para quase 2 milhões de cabeças. Mas, sem vender para a Rússia, a oferta no mercado interno cresceu muito e o preço do produto registrou queda expressiva, de R$ 1,70 para R$ 1,30.
O diretor executivo da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Custódio Rodrigues, relatou que os preços chegaram a registrar alta no início de agosto, quando as indústrias reforçaram os estoques pensando numa possível abertura do mercado russo. Porém, como a situação não mudou, a desvalorização voltou a se repetir.
O elevado custo da atividade também preocupa o setor. Os produtores desembolsam pelo menos R$ 2,10 por quilo produzido. Se os preços baixarem ainda mais, os suinocultores vão, literalmente, pagar para trabalhar.
Para minimizar os prejuízos, muitos produtores passaram a reduzir o peso dos animais que são levados para o abate e alguns já começam a diminuir o número de matrizes, segundo a Acrismat. A entidade ressalta que o cenário pode se tornar ainda pior, já que a produção tende a ficar mais cara por conta da quebra de aproximadamente 20% na produção de milho em Mato Grosso, em comparação com o ano passado. O grão é utilizado na alimentação dos animais.