Quem sempre apostou na ovinocultura celebra o momento favorável, que registra mais de 100% de aumento no preço da lã e da carne. Os pecuaristas José Luiz Pons, 62 anos, e o filho Frederico Fittipaldi Pons, 35, da Cabanha Santa Ângela, de Uruguaiana (RS), são tradicionais criadores das raças merino, corriedale e ideal. Neste sábado, dia 26, ocorre o primeiro remate exclusivo de ovinos da cabanha. Mesmo quando a ovinocultura esteve em baixa, na década de 1990, o que fez com que muitos produtores abandonassem as criações, a família Pons seguiu investindo em seus animais. Além do rebanho comercial, o criatório busca em seus plantéis produzir reprodutores de ponta, investindo também em genética importada de países como Austrália, Nova Zelândia, Uruguai e Argentina.
? O ouro branco deve estar de novo no pasto. Tivemos essa característica de nunca abandonar a ovinocultura e, agora, queremos celebrar essa boa fase, que deve durar ? diz José Luiz.
Apaixonados pelos ovinos, o filho Frederico se formou em Agronomia e foi fazer especialização na Nova Zelândia, com foco na criação. A qualificação se refletiu no rebanho, que produz animais de duplo propósito: lã fina (os reprodutores da raça merino que a Santa Ângela colocará à venda tem em média 19 micras, que correspondem a espessura da lã, enquanto a média da raça é 22 micras no Brasil) e carcaças precoces e pesadas.
O coordenador do programa estadual Mais Ovinos no Campo e técnico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Gaudino Dias, acrescenta que o governo está subsidiando criadores para que aumentem seus rebanhos. Duas linhas de crédito, via Banrisul, estarão a disposição, uma para manter fêmeas no campo e a outra para aquisição de reprodutores e ventres, num total de R$ 102 milhões.
? Teremos nas feiras de verão oferta semelhante a do ano passado. Mas a expectativa é de que a procura seja muito maior. Os preços bons de lã e de carne devem se manter, é muita demanda para pouca oferta ? acredita o especialista.