O grupo analisou os dados de importação e exportação do Ministério da Indústria e Comércio e concluiu que a quantidade de leite em pó vinda do Chile não é coerente com a produção do país. Em 2010, o Chile importou 14 mil toneladas e exportou 11 mil toneladas para o Brasil.
? Isso está nos mostrando ou configura um indício de triangulação de produto, ou seja, deve estar ou pode estar entrando produtos de outros países dentro do Mercosul e vindo destes países para dentro do Brasil. Isso certamente afeta o produto daqui por que é uma concorrência desleal uma vez que a importação, pela própria questão cambial, ela é prejudicial ao produto nacional, afeta diretamente o nosso produtor e a nossa indústria local ? afirma o assessor de política agrícola da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Airton Hochscheid.
A suspeita foi levada até o Ministério da Agricultura que ainda não se manifestou sobre o caso. A indústria de lacticínios acredita que Estados Unidos ou Nova Zelândia possam estar envolvidos no esquema se utilizando de um acordo entre Brasil e Chile que prevê a isenção de taxas para o comércio entre os dois países.
De acordo com o setor, o Brasil gastou US$ 371 milhões com a compra de leite de outros países no primeiro semestre deste ano. Cerca de 80% vem da Argentina e do Uruguai.
? Toda a importação de lácteos acaba de certa forma dando uma intranquilidade para a cadeia como um todo, seja a indústria que está investindo em novas plantas, seja os produtores também, em novas tecnologias. Nós deveríamos ter uma política neste momento que o câmbio é favorável à importação, que incentivasse a produção interna. Então, o Brasil hoje tem um aumento de consumo, então, não se justificaria uma quantidade livre de importação de lácteos sabendo que todos os países protegem o seu mercado interno ? diretor-executivo do Sindicato da Indústria Leiteira Gaúcha (Sindilat), Darlan Palharini.