Para alguns criadores, o período de bons negócios já começou. No último dia 10, a cabanha Surgida, de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, realizou leilão com a venda de 20 borregas (ovelhas jovens) da raça texel puras de origem a uma média de R$ 4 mil por animal.
O produtor Erivon Silveira de Aragão tem investido na genética como um fator de diferenciação do rebanho de 300 matrizes e 15 reprodutores. No ano passado, importou 200 doses de sêmen da Inglaterra para qualificar o trabalho na propriedade.
– O preço do quilo do cordeiro está maior do o do quilo do boi. Com esse avanço da agricultura sobre áreas de pecuária, está valendo mais a pena criar ovinos, porque cabem mais animais por hectare – salienta Aragão.
Um dos motivos do entusiasmo do setor é o resultado do programa Mais Ovinos no Campo, lançado no final de janeiro de 2011 pela Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, com crédito de R$ 102 milhões para a retenção de fêmeas e aquisição de matrizes e reprodutores. Conforme dados divulgados em outubro, até o momento já foram liberados R$ 42,48 milhões em 1.820 contratos para 269.385 animais.
– Hoje, a gente consegue reter pelo menos 400 mil fêmeas. Chegamos a 50% do nosso objetivo esperado – observa o coordenador técnico da Câmara Setorial de Ovinocultura, José Galdino Garcia Dias.
Com maior número de animais ficando no campo houve diminuição momentânea de oferta. Isto ajudou a manter o preço da carne em patamares próximos aos de 2011 – cerca de R$ 4 o quilo do cordeiro para abate. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Paulo Schwab, a estratégia de reter as fêmeas para reprodução no campo está dando resultado.
– Houve um aumento substancial de animais direcionados à criação, com diminuição de oferta de ventres jovens que estavam indo para os abates. Devemos fechar o ano com um rebanho perto de quatro milhões de cabeças no Estado, contra as 3,2 milhões do início do programa no ano passado – estima Schwab.