Programa Pecuária Verde refloresta fazendas e aumenta produtividade do rebanho em município do Pará

Ação estimula prática do bem estar da propriedadeO ano de 2008 vai ficar marcado para sempre na história de Paragominas, cidade situada no sudeste do Pará que pertence à bacia amazônica. No período, o município entrou para uma lista negra do Ministério do Meio Ambiente e sofreu uma série de restrições. As ações foram uma represália contra uma das cidades que mais causavam desmatamento na Amazônia.

Uma cultura antiga em Paragominas era a de desmatar para apostar na pecuária extensiva. A recuperação começou pela criação do programa “Município Verde”, que passou a monitorar as propriedades via satélite. Uma das ações do “Município Verde”, voltada especificamente para criadores de gado da região, é o “Pecuária Verde”. Além de estimular o fim do desmatamento, o programa aumenta a produtividade do rebanho colocando em prática o bem estar da fazenda e não mais apenas o bem estar animal. Custa caro, mas quem apostou garante que vale a pena.

— Nós começamos a manejar melhor os pastos, a fazer divisões e, por último, a intensificar com adubação. Aí chegamos a ter área que produz 20 arrobas por hectare. A média do município é em torno de quatro arrobas e a vontade no terceiro ano é produzir 40 arrobas por hectare. Quando você produz muito, você consegue ganhar e não só o rebanho fica bom, o produtor fica bom e para as pessoas fica bom. Quando você produz bem, você produz riqueza, você consegue melhorar a vida de todos — afirma o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, Mário Lúcio Costa.

O bem estar passa pela capacitação e conscientização de todos os envolvidos no processo, desde o dono até o “antigo vaqueiro”, que hoje se considera um técnico.

— Eu me considero hoje um técnico manejador. A partir do momento que comecei a mexer com manejo inteligente, bem estar animal, foi este o momento que eu me considerei um técnico manejador de gado. Fez bem demais. Antigamente, eu trabalhava o mais rústico possível e hoje eu trabalho na técnica, tentando entender o animal, a maneira mais fácil de evitar acidentes — explica Ricardo Trindade.

Vinícius Cypriano é outro fazendeiro que aderiu ao Pecuária Verde. A família, que antigamente tinha uma madeireira, hoje aposta no reflorestamento da reserva legal.

Além de preservar o ambiente, o fazendeiro pretende gerar receita com a reserva. Oitenta hectares já foram plantados, 156 mudas por hectare, com árvores como jatobá, copaíba, andiroba e ipê amarelo.

Os resultados positivos estão por toda fazenda. O solo castigado recebeu calcário e 900 quilos de adubo por hectare. Os piquetes foram divididos em seis hectares com coxos e água natural para os animais não provocarem o assoreamento do rio. Custou caro mas o retorno já chegou.

— O resultado foi que em 131 dias conseguimos produzir quase 15 arrobas de carne por boi. Considerando que a média nacional são cinco arrobas, conseguimos quase o triplo. Vale bastante a pena. Este conceito de bem estar só do animal não existe mais, é coisa do passado. Hoje é o bem estar da fazenda. Estamos criando ferramentas que possibilitam o melhor trabalho dos nossos colaboradores também — comenta Cypriano.