Uma cultura antiga em Paragominas era a de desmatar para apostar na pecuária extensiva. A recuperação começou pela criação do programa “Município Verde”, que passou a monitorar as propriedades via satélite. Uma das ações do “Município Verde”, voltada especificamente para criadores de gado da região, é o “Pecuária Verde”. Além de estimular o fim do desmatamento, o programa aumenta a produtividade do rebanho colocando em prática o bem estar da fazenda e não mais apenas o bem estar animal. Custa caro, mas quem apostou garante que vale a pena.
— Nós começamos a manejar melhor os pastos, a fazer divisões e, por último, a intensificar com adubação. Aí chegamos a ter área que produz 20 arrobas por hectare. A média do município é em torno de quatro arrobas e a vontade no terceiro ano é produzir 40 arrobas por hectare. Quando você produz muito, você consegue ganhar e não só o rebanho fica bom, o produtor fica bom e para as pessoas fica bom. Quando você produz bem, você produz riqueza, você consegue melhorar a vida de todos — afirma o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas, Mário Lúcio Costa.
O bem estar passa pela capacitação e conscientização de todos os envolvidos no processo, desde o dono até o “antigo vaqueiro”, que hoje se considera um técnico.
— Eu me considero hoje um técnico manejador. A partir do momento que comecei a mexer com manejo inteligente, bem estar animal, foi este o momento que eu me considerei um técnico manejador de gado. Fez bem demais. Antigamente, eu trabalhava o mais rústico possível e hoje eu trabalho na técnica, tentando entender o animal, a maneira mais fácil de evitar acidentes — explica Ricardo Trindade.
Vinícius Cypriano é outro fazendeiro que aderiu ao Pecuária Verde. A família, que antigamente tinha uma madeireira, hoje aposta no reflorestamento da reserva legal.
Além de preservar o ambiente, o fazendeiro pretende gerar receita com a reserva. Oitenta hectares já foram plantados, 156 mudas por hectare, com árvores como jatobá, copaíba, andiroba e ipê amarelo.
Os resultados positivos estão por toda fazenda. O solo castigado recebeu calcário e 900 quilos de adubo por hectare. Os piquetes foram divididos em seis hectares com coxos e água natural para os animais não provocarem o assoreamento do rio. Custou caro mas o retorno já chegou.
— O resultado foi que em 131 dias conseguimos produzir quase 15 arrobas de carne por boi. Considerando que a média nacional são cinco arrobas, conseguimos quase o triplo. Vale bastante a pena. Este conceito de bem estar só do animal não existe mais, é coisa do passado. Hoje é o bem estar da fazenda. Estamos criando ferramentas que possibilitam o melhor trabalho dos nossos colaboradores também — comenta Cypriano.