Programa da Secretaria da Agricultura de Santa Catarina reduz déficit de carne bovina no Estado

Em propriedades rurais que aderiram ao programa, o aumento de produção de carne passouo de 80 quilos por hectare ao ano em campos nativos para 600 quilosO Programa de Desenvolvimento da Pecuária de Corte Catarinense da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, lançado em 2011, tem como objetivo reduzir o déficit de 40% de carne bovina no Estado. Além de desenvolver a pecuária de corte por meio de investimentos que resultem na melhora dos indicadores técnicos, que tratam do aumento da taxa de natalidade, redução da idade de abate e melhora da produtividade com eficiência na utilização dos campos nativos e pastagens degradadas.

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Em propriedades rurais que aderiram ao programa, a produção de carne por hectare de pastagem passou de 80 quilos ao ano em campos nativos para 600 quilos e uma fazenda que vendia 85 bois gordos por ano, passou a vender 400 com a mesma área de pastagem, além de ter uma carne mais valorizada pela melhoria na qualidade.

O advogado e pecuarista Álvaro Borges da Costa Júnior, de Lages, foi um dos primeiros a aderir ao programa e comemora os resultados.

– Em campos nativos é possível criar 0,4 cabeças de boi de corte por hectare e com o manejo de campo e a orientação técnica passamos para três a cinco cabeças por hectare – destaca.

Álvaro implantou em sua propriedade, onde cria gado de corte e ovelhas, pastagens que substituem o campo nativo, tronco (estrutura de manejo de animais), cerca elétrica e adquiriu plantadeiras com os recursos do programa, além de receber orientação técnica da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).
O pecuarista Vicente da Fonseca Ribeiro, também de Lages, é outro que destaca o sucesso do programa. Dos 52 hectares de sua propriedade 25 hectares receberam melhoramento de pastagem, substituindo o campo nativo, resultando num ganho diário no peso dos animais de 1,3 quilos por animal ao dia.

– Com o campo nativo teria no máximo um ganho de 900 gramas no período do Verão e no inverno os animais perderiam peso por falta de comida. Agora com o pasto bom, durante o ano todo, a diferença é enorme – diz.

Ribeiro implantou em sua propriedade, além da troca da pastagem, cerca elétrica e reformou o galpão com os recursos do programa. Em São Joaquim, o pecuarista Orival Eduardo de Sá, implantou em 100 hectares dos seus 900 hectares, a substituição do campo nativo e adquiriu cercas para piquetes com os recursos do programa.

– A produtividade do gado de corte em minha propriedade JÁ aumentou em 40% com esse programa, e eu apenas melhorei 12% da área. Ainda tenho muito campo para melhorar – destaca.

No total, já aderiram ao programa 91 pecuaristas catarinenses e há vários projetos sendo analisados e elaborados nos municípios. Os beneficiários do programa são os agropecuaristas que acessam recursos do Programa para Redução da Emissão de Gases de Efeito Estufa na Agricultura – Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do Governo Federal operacionalizado pelo Banco do Brasil e cooperativas de crédito.

Investimentos

O secretário da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, explica que o Programa funciona com concessão de bônus para pagamento de juros previstos para as operações de crédito do Programa para Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Os agricultores poderão financiar até R$ 1 milhão para ser pago em até oito anos, com três anos de carência. A Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca subvenciona os juros em no máximo R$ 80 mil.

– O Programa funcionará nos moldes do Juro Zero, o agricultor financia e nós pagamos os juros dos empréstimos – disse.

O Banco do Brasil disponibilizou R$ 65 milhões para execução do Programa que deve atender 1,5 mil produtores rurais. Os itens financiáveis são: investimentos na recuperação e implantação de pastagens anuais e perenes; aquisição de máquinas e equipamentos e investimentos.

O secretário-adjunto, Airton Spies, observa que na região do Planalto Serrano existe um grande potencial de aumento da produção de carne bovina por meio de investimentos na melhoria das pastagens, manejo e melhoramento genético. Spies diz que Santa Catarina conta um rebanho de quatro milhões de cabeça de gado, todos livre de febre aftosa sem vacinação, dos quais 50% são de gado de corte, mas o nosso consumo interno tem um déficit de 40%, por isso temos que investir neste programa.

Entre os objetivos do novo Programa da Agricultura está aumentar a renda do pecuarista; aumentar a rentabilidade da produção de bovinos de corte; difundir tecnologias de baixo custo a serem adotadas pelos produtores, além de eliminar a prática de queimadas nas áreas melhoradas.

– Em Santa Catarina existem condições muito favoráveis para a produção de pastagens pois temos muita chuva e muito sol que são essenciais para a fotossíntese que faz o pasto crescer, o que falta são investimentos na correção do solo, adubação e o plantio de espécies forrageiras que produzem grande quantidade de pastos com alta qualidade aproveitando de forma sustentável dos recursos naturais. Precisamos tratar o pasto tão bem como tratamos as nossas lavouras – afirma Spies.