As inscrições dos participantes serão feitas pelos próprios supermercados, sendo no máximo 30, para melhor aproveitamento do horário. Cada oficina dura, em média, 90 minutos. A intenção é apagar a velha imagem do porco da memória coletiva brasileira e substituí-la por novos padrões, pesos e medidas. No lugar da figura desregrada, tradicionalmente atolada na lama, desenhar um perfil mais alinhado, que desfila um figurino moderno, condizente com os modelos de saúde.
Em bancadas posicionadas diante de miniauditórios, montados em áreas de melhor conveniência nos estabelecimentos, os chefs de cozinha Emiliana Azambuja e Humberto Marra ensinam receitas simples e deliciosas, condecoradas por carne suína. Além da oportunidade gratuita, os comensais provam o sabor de cada prato. Em três supermercados, a harmonização de vinhos completa o requinte.
Não basta, porém, degustar as receitas, levá-las para casa, apresentá-las à família e aguardar os elogios. A conscientização de que a carne suína apresenta vantagens que permanecem escondidas atrás de uma cortina de medos e falsificações necessita da ajuda de especialistas para ganhar espaço no cotidiano com segurança.
Novos cortes em carnes magras
A nutricionista Gleiva Staciarini diz que é preciso rever conceitos ultrapassados que envolvem a carne de porco. Começando pelo fato de que melhoramentos genéticos e estudos avançados, protagonizados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), condenaram a figura do animal que come lavagem no chiqueiro à lata de lixo da história.
? Os animais são alimentados com uma ração equilibrada de nutrientes, em granjas que seguem normas rigorosas de higiene. Hoje, o lombo suíno é, comprovadamente, mais magro que um filé de frango ? afirma Gleiva.
No entanto, permanece válido o alerta de que não se deve abusar, em hipótese alguma, de torresmo e toucinho. A gordura não deixou de existir em nenhum tipo de carne e toda escolha é uma questão de bom senso. Trocar o lombo suíno pelo cupim bovino é algo fora de cogitação para Gleiva.
? A carne suína é permitida mesmo para pessoas que tenham doença crônica. Basta procurar os melhores cortes e receitas que atendam as necessidades de cada um. A carne suína moída para fazer almôndega, por exemplo, é uma pedida excelente, assim como para fazer o molho à bolonhesa ? explica.
Cortes diferenciados nas gôndolas dos supermercados e nos açougues fazem parte da estratégia que procura inibir a tese de que a carne suína é destinada, em grandes peças, a eventos excepcionais, como ceias de Natal. Volumes e formatos customizados, de acordo com expectativas individuais ou de pequenos grupos, favorecem a aquisição e facilitam o consumo na rotina doméstica. Escalopes, bifes, cubinhos, medalhões, tirinhas, em pequenas e bem cuidadas porções, deixam a vida mais prática.
Incentivo ao consumo saudável
O aumento do consumo interno de carne suína em dois quilos per capita até 2012 é o maior objetivo do Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), criado este ano, como desdobramento do projeto Um Novo Olhar Sobre a Carne Suína, lançado em 2005, resultado da parceria da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) e o Sebrae.
O Projeto estende suas ações pelos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Santa Catarina, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná, além do Distrito Federal.
O consumo anual brasileiro de carne suína é de 13 quilos per capita. Pouco para um país que ocupa o quarto lugar no ranking mundial de produção e exportação de carne suína. O Brasil exporta, para cerca de 80 países, mais de 30 milhões de animais abatidos. Produto de mais de 60 mil granjas, submetidas à inspeção sanitária oficial.