Do fim dos anos 1990 até o início dos anos 2000, foram lesados mais de 30 mil credores, que acreditaram na possibilidade de terem os investimentos devolvidos com até 42% de rendimentos em apenas 18 meses. Não foi o que ocorreu. Em vez de terem o dinheiro investido na engorda de bois, suínos e frangos, a empresa agia num sistema de uma pirâmide financeira, que ganhava a cada novo participante.
O esquema veio abaixo quando os investidores começaram a retirar os investimentos. O grupo não suportou e decretou falência em 2004, deixando mais de três bilhões de reais em dívidas. Agora, para tentar reaver parte do dinheiro, os bens do empreendimento então indo a leilão.
– Depois de dois anos, nós estamos retornando os leilões das propriedades. E será com o dinheiro investido nessas e noutras propriedades que nós conseguiremos auferir numerário para pagamento dos credores – afirma Gustavo Sauer, síndico da massa falida.
Até agora já foram realizados cinco leilões, e mais seis estão previsto para o próximo ano. Por enquanto, nenhum dos investidores recebeu de volta o que foi investido. Os pagamentos das dívidas devem ser iniciados já no início de 2014 e vão obedecer à Lei das Falências, que rege o processo.
– De acordo com a lei, primeiro são quitadas as dívidas trabalhistas. Após, os créditos fiscais. Depois disso, os créditos com garantia real, que não existem e que, no caso, seriam bancos. Não há dívidas com bancos. Apenas após isso, é feito o pagamento dos credores quirografários, ou seja, os credores que não possuem privilégios legais, que seria o caso dos credores e investidores que compraram os contratos da Boi Gordo – acrescenta Sauer.
A Fazenda Buriti, localizada no Estado de Mato Grosso, leiloada neste quinto lote foi arrematada por R$ 15 milhões.
Todos os bens deixados pela empresa estão avaliados em cerca de R$ 400 milhões, bem abaixo do que daria para cobrir as dívidas. De acordo com Aurélio Paiva, advogado que representa 1,5 mil investidores, além do prejuízo dos credores, há também a indignação pela impunidade dos envolvidos no processo.