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Protesto interrompe parcialmente comércio de gado na Argentina

Medida é um protesto contra decisão da presidente Cristina Kirchner de expropriar o edifício ruralista onde funciona o maior centro de convenções do paísA comercialização de animais para abate está paralisada na Argentina nesta quarta, dia 26, por um período de 24 horas. Dos seis mil a oito mil bovinos que costumam ser vendidos ao dia, apenas 1.380 foram comercializados. O locaute é um protesto contra medida da presidente Cristina Kirchner de expropriar o edifício ruralista onde funciona o maior centro de convenções do país. O edifício é usado para a exposição anual do setor e para grandes eventos, conferências e mostras de outras áreas.

O protesto, convocado pela Sociedade Rural da Argentina (SRA), tem o apoio das outras três principais associações nacionais dos produtores: Federação Agrária (FAA), Confederações Rurais (CRA) e Confederação Intercooperativa Agropecuária (Coninagro). Em meio ao locaute, a SRA recebeu uma intimação do governo para desocupar o edifício dentro de um prazo de 30 dias, segundo confirmou o presidente da instituição, Luis Miguel Etchevehere.

Ele destacou que os agricultores e pecuaristas argentinos estão sob permanente pressão, desde que a mobilização rural derrotou o projeto de lei do Executivo, em 2008, que tentou fixar um mecanismo de alíquotas móveis para as exportações do setor. O embate naquela época somou pontos para a derrota governista nas eleições parlamentares de 2009. As mesmas eleições serão realizadas em 2013, ocasião em que os kirchneristas pretendem obter ampla maioria com vistas a sugerir uma reforma constitucional para habilitar Cristina Kirchner a candidatar-se a um terceiro mandato.

Irregularidades

A Casa Rosada argumenta que a expropriação do edifício foi motivada por uma investigação judicial que detectou irregularidades na operação realizada em 1991, pelo então presidente Carlos Menem (que governou entre 1989-1999), pela qual a SRA deve parte do dinheiro acertado. O Executivo afirma que a SRA pagou um “preço vil” de US$ 30 milhões pelo terreno de 12 hectares, no coração do bairro Palermo, e deve impostos no valor de 150 milhões de pesos (cerca de US$ 30 milhões).

— Não devemos nada. O preço foi estabelecido com base em três cotações distintas e tivemos que assumir o contrato de conservação e restauração dos edifícios históricos, além de construir um moderno centro de convenções — disse Etchevehere.

O líder ruralista informou que o processo que investiga a operação ainda não foi concluído e o governo “não pode tomar uma medida assim, se não há nem uma sentença”. Também está sendo processado na causa o ex-ministro de Economia de Menem, Domingo Cavallo, que acusou o governo de divulgar “mentiras” para fundamentar o decreto que ele considerou como “ilegítimo”. Em entrevista à imprensa local, Cavallo disse que a medida do Executivo tem um “caráter autoritário e corrupto”.

O locaute desta quarta não deve prejudicar o consumidor, mas Etchevehere não descartou que os protestos possam ser ampliados para outros segmentos e aprofundar as medidas de força. Ele reiterou pedido de audiência ao ministro de Agricultura, Norberto Yauhar, mas não recebeu resposta. O líder fez uma advertência.

— Se continuamos sem resposta e com o diálogo fechado, não há outra solução a não ser aprofundar os protestos.

Divisas

Em 2008, os locautes e piquetes dos agricultores e pecuaristas argentinos se espalharam por todo o país e provocaram um desabastecimento generalizado durante 19 dias. Etchevehere não falou de novos locautes com desabastecimento, nem de piquetes como medidas de força, mas indicou que o setor vai reagir tentando afetar o ponto mais sensível do governo: a exportação. Ele disse que aconselhou o produtor a ser prudente em 2013 e dosar bem as vendas de sua colheita porque o ano será “duríssimo”. Sem exportações de soja, o país praticamente não recebe divisas e o mercado de câmbio pressiona o valor da moeda nacional.

Etchevehere confirmou que a instituição apelou à Justiça para anular o decreto. La Rural é controlada pela SRA com 50% das ações. Os outros 50% são divididos em partes iguais entre Fénix Entertainment Group e IRSA. Em entrevista ao jornal Página 12, o ministro Yauhar acusou os produtores de “misturar seus interesses políticos contra a firme decisão do Estado de aplicar uma revisão a uma transação que foi absolutamente prejudicial para o patrimônio da Pátria”.

O embate entre o governo e o campo poderia piorar.

— Creio que muitos produtores agropecuários vão querer se entrincheirar na La Rural — alertou o líder da província de Entre Ríos, Alfredo de Angeli, que se tornou popular durante a crise de 2008.

Além de expropriação do edifício, o governo tirou das mãos da FAA a emissão de um documento que facilita a comercialização da produção agrícola. A manobra provoca uma perda de cerca de 2,5 milhões de pesos mensais para a instituição.
 

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