Nos supermercados a tabela com os preços não deixa dúvidas: comprar carne todos os dias está ficando cada vez mais difícil. Em Campo Grande, só no mês passado o reajuste em alguns cortes, como a costela, passou de 7%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor. Em um momento de descapitalização por causa da crise econômica mundial, os consumidores custam a entender o que está acontecendo.
? Na fazenda o preço do boi cai, e no mercado, a carne só sobe. Não dá para compreender isso ? reclama a dona de casa Marina Muhr.
Dono de um rebanho em Camapuã, Deocleciano Zeni recebeu em novembro R$ 86 pela arroba, R$ 6 a menos que o valor recebido no mês anterior. Mas a decepção maior aconteceu nesta semana. Ao entrar em contato com frigoríficos da região, o criador de gado viu que o preço caiu ainda mais. A melhor oferta foi de R$ 72 pela arroba, uma desvalorização de 22% em relação a outubro.
? Com o custo a R$ 86, produzir vendendo abaixo do custo de produção é impossível ? diz ele.
Segundo especialistas, a explicação para essa diferença está na soma da desaceleração das exportações de carne bovina com a retração do consumo interno, dois reflexos da crise econômica mundial.
Diante da instabilidade, as lideranças do setor defendem a união da cadeia produtiva. Para o presidente da Famasul, uma das alternativas para que o pecuarista permaneça na atividade é manter o rebanho no pasto e vender apenas o que for necessário para cobrir as despesas.
? A CNA estará observando a relação entre produtores e frigoríficos, mas é fundamental que o pecuarista se profissionalize e conheça seus custos de produção para não sofrer maiores prejuízos ? recomenda o vice-presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil Ademar Silva Júnior.