Sobre os preços da arroba, o comprador de gado do frigorífico Marfrig, Ricardo Maluf, afirma que há boa expectativa. Ele diz que as cotações são definidas pela relação entre oferta e demanda e devem subir nos próximos meses, com a chegada da entressafra.
Para as lideranças da classe produtora, apenas esta explicação não convence. A pressão nos preços também estaria relacionada a outros fatores, conforme o superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari.
– O que aconteceu efetivamente em Mato Grosso não é só coisa de mercado. Simplesmente oferta e demanda não fariam o boi recuar 15% em dois meses. Existe um problema sério, que é a concentração. A falta de concorrência pressiona preço e isso é componente que traz reflexos no Estado – aponta.
Não apenas os produtores de Mato Grosso estão insatisfeitos com as cotações. Pecuarista de Mato Grosso do Sul, José Lemos Monteiro também reclama dos preços praticados no Estado e diz que produtores estão pagando para trabalhar. Ele diz que os custos de produção chegam a R$ 100,00, com uma venda a R$ 87,00, em contrapartida.
Nos dois Estados, a cotação atual do boi gordo é inferior aos quase R$ 94,00 pagos pela arroba no começo do ano passado. Na opinião do gestor do Imea, Daniel Latorraca, a explicação para este cenário está ligada ao aumento da demanda pelo produto.
– Abatemos um nível de animais não visto desde 2007 em janeiro deste ano. E, se isso se mantiver, a tendência é superar os cinco milhões. Esta queda tem tudo a ver com aumento da demanda e é repassada menor para o varejo. Com isso, conseguimos atingir número maior de consumidores – afirma.