– Foi a dona Ana Pimentel que veio tomar posse da capitania de San Vicente, que era do Martins Afonso de Souza, na ocasião, governador geral na Índia. Então, ele mandou a mulher tomar posse da capitania e foi quando ela trouxe os primeiros bovinos que vieram para o Brasil – conta.
De natureza adaptada, o caracu superou todos as rigorosas condições climáticas do país, até chegar ao grau de seleção comercializado nos dias de hoje. Isabel é pioneira na transferência de embriões da raça, feita pela primeira vez em 1994.
– Essa é uma raça que seguiu a teoria de Darwin que é “aquele que não se adapta, morre”. Então, é uma raça que foi selecionada pela natureza, não foi pela mão do homem. Foi pelo lugar onde eles viveram. É uma raça sobrevivente e é por isso que ela está aqui até hoje. Mais para frente, na época em que começaram as fazendas, o café, no século 19, ela continuou a ser usada para carne, leite, couro, trabalhos. Era o trator da época. E ainda era usado o adubo. Foi a raça que ajudou o Brasil na época auge do café, que era chamado de ouro negro. Ajudou o enriquecimento do país – aponta.
O caracu é ainda um animal de personalidade calma e dócil, com custo barato. Adaptado à facilidade da conversão alimentar, come basicamente pasto e ração mineral. Se encaixa no perfil do “boi ecológico”, uma tendência do mercado mundial. Além disso, graças à resistência ao clima, pode ser criado em qualquer região do país.
– Em lugar em que é difícil fazer inseminação, todas essas técnicas mais modernas, o caracu é ideal para fazer monta a campo, porque como ele já está adaptado ao Brasil inteiro, seja no clima quente, frio, pantanal, cumpre suas funções em qualquer lugar. E faz monta a campo, onde outros touros europeus não fazem. Tem custo zero, porque é um animal resistente, rústico, adaptado. Não fica doente e, se fica, sara logo. Enfim, é o bovino mais adaptado no país – explica.
A criadora acredita que a raça pode servir para cruzamento com nelore. Estudos realizados pela Associação de Criadores de Caracu e pela Embrapa apontam resultados animadores.
– É um estudo no qual se fez a comparação entre nelore e caracu. E foi comprovado que realmente o caracu engorda mais. Tem também pesquisa da Embrapa de Campo Grande (MS) sobre conversão alimentar. Ele foi o que menos comeu e o que mais engordou. Isso também está comprovado – pontua.