Essa situação está prestes a mudar com um programa do governo estadual que prevê rastreamento gratuito e obrigatório para 100% do rebanho gaúcho. A partir do segundo semestre de 2012, todo o terneiro que nascer no Rio Grande do Sul receberá um brinco com chip.
Os recursos garantidos por emendas apresentadas ao orçamento da União devem começar a ser liberados no mês de março. Serão R$ 20 milhões por ano, durante um período de cinco anos, prazo estimado para completar o rastreamento. O recurso será depositado em um fundo específico do programa e deverá custear todo o processo de implantação do rastreamento do rebanho do Estado.
Em março, também deverá ser encaminhado para a Assembleia Legislativa o projeto de lei que prevê a obrigatoriedade da implantação. Ou seja, se aprovado pelos parlamentares, todos os produtores rurais do Estado terão que se adequar às novas regras.
– Será uma mudança de cultura da pecuária gaúcha, que vai servir como projeto piloto para a implantação do programa em todo o país. Com o rastreamento, a nossa meta, em 10 anos, é aumentar a produção em 50% e, em seis anos, dobrar a exportação de carne – destaca o secretário estadual da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi.
O Estado usa como referência o modelo uruguaio. No Brasil, o modelo instituído pelo Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov) é de adesão voluntária e o custo é do proprietário dos animais. Além disso, não existe a determinação de que o rastreamento tenha de ser feito por chip.
Na propriedade de Pereira o rastreamento é feito desde 2007 ao custo médio de R$ 5,00 a R$ 7,00 por cabeça. A única diferença entre o sistema usado por ele e o previsto para o programa gaúcho é o chip. No caso do pecuarista, as informações são enviadas ao sistema do Ministério da Agricultura de forma manual.
– Implantamos o rastreamento porque temos uma invernada muito forte e o nosso produto precisa ser multimercado. Com a implantação do chip, só tem a melhorar. O mercado europeu, que é o mais exigente e só recebe carne de animais rastreados, não aceita erro e da forma manual, às vezes, acabamos perdendo alguma informação – diz o pecuarista.
Como vai funcionar
– O rastreamento será escalonado por faixa etária, começando pelos terneiros nascidos no segundo semestre.
O QUE MUDA:
Para o produtor:
– Não será mais preciso marcar o gado, já que todas as informações estarão contidas no chip implantado no brinco de cada animal. Um bastão fará a leitura e o envio dos dados ao sistema.
– O produtor poderá emitir nota eletrônica.
– Há uma estimativa de que o produtor deixe de ser afetado pelo abigeato porque, quando a carne chegar ao frigorífico, os dados terão de ser atualizados no sistema.
– Além do custeio do chip e do bastão, o Estado prevê a inserção, no programa de rastreamento, do fornecimento de um computador com acesso à internet para os produtores que não têm o equipamento.
Para o frigorífico:
– Será fixada uma taxa para o recebimento de cada animal rastreado, ou seja, os frigoríficos terão de pagar uma quantia ainda não definida por animal rastreado abatido. O dinheiro será depositado em um fundo específico do programa.
Para o consumidor:
– O sistema de rastreamento vai permitir que o consumidor tenha acesso à procedência da carne. Características como raça e idade deverão constar na etiqueta da embalagem.
Outras informações poderão ser acessadas por meio do código de barras.