Para o professor do curso de Relações Institucionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Ricardo Sondermann, o Brasil tem agido corretamente nas políticas internacionais. Mas, no caso da carne, precisa “endurecer a conversa”.
– Entrar com representação na OMC não significa que o país vai quebrar os pratos com os compradores. Tem de negociar o máximo que dá mas, se deixar, outro mercado produtor toma esse espaço, e o custo para recuperar a posição é caro – reforça Sondermann.
Secretário de Comércio Exterior no governo Lula, Welber Barral avalia que a atitude dos negociadores é correta:
– Estão esclarecendo todos pontos e fornecendo informações necessárias.
Principais interessados na solução do problema, os exportadores de carnes também entendem como correto o posicionamento do governo.
– Ratificamos toda transparência do governo no processo de agilizar as informações junto a esses mercados que fecharam as portas e a outros que nos pedem consultas sobre a situação. O grande problema é a quebra de sequência nas importações, mas acreditamos que será revertido a curto prazo – diz Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
Além da diplomacia, o governo espera poder contar com aliados dentro dos próprios países que restringiram a importação brasileira.
– Se do lado de cá existe um importador prejudicado, do lado de lá há um cliente que está deixando de vender o produto. Confiamos que esse seja um apoio para resolvermos a situação – enfatiza o secretário de relações internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto.
A expectativa do representante do governo federal é de que a situação esteja resolvida dentro de um período de dois a três meses.
Ação e reação
Como surgiu o caso?
O Ministério da Agricultura comunicou no último dia 7 um caso não clássico de vaca louca (quando o agente causador da doença é identificado, mas a morte ocorre por outros motivos). O episódio foi em Sertanópolis (PR), em 2010.
Que impactos causou?
Com a divulgação do caso, países importadores de carne brasileira começaram a suspender as compras. Até agora Japão, China, África do Sul, Coreia do Sul, Egito (que restringiu apenas as compras do Paraná) e Arábia Saudita barraram o produto.
Por que a doença preocupa?
Descoberta nos anos 1980 na Inglaterra, a doença apavorou o mundo nos anos 1990, quando foram registrados inclusive casos no homem. Outros surtos ocorreram nos anos 2000 na América do Norte, na Europa e no Japão.
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