O confinamento da Fazenda Boa Esperança, no município de Campo Florido, no Triângulo Mineiro, utiliza o modelo de silo trincheira, que mais se parece com um buraco aberto no solo. É preciso, no entanto, respeitar algumas regras para evitar problemas, principalmente com o excesso de umidade.
– Muitas pessoas acabam utilizando encosta de barranco para que já ocorra um aproveitamento. Ele tem que obedecer uma queda natural para a frente do silo para que se evite o acumulo de água, você tem que tentar locais onde não corra água da chuva por cima do material ensilado, sempre evitando a utilização da água, isso é importantíssimo – explica o especialista em nutrição animal Paulo Rodrigues Júnior.
Cada um dos silos tem 90 metros de comprimento por 20 de largura, três metros de altura e capacidade para cerca de quatro mil toneladas. O silo de trincheira ainda é um dos mais usados e mais recomendados no Brasil para armazenar a silagem de milho. O formato de vala facilita a compactação e a vedação, fatores importantíssimos para reduzir perda de produto.
Uma boa compactação depende de vários fatores, entre eles o tamanho das partículas, o peso do maquinário e a quantidade de horas que os tratores rodam sobre o produto.
– Se você trabalha 12 horas durante o dia a gente tenta compactar mais uns 50% à noite, do que está rodando durante o dia. Geralmente, os meninos estão cortando até 19h e compactando até umas 23h, meia-noite, e acertando também, dando o acabamento à noite. A compactação é onde você vai aumentar a densidade da silagem e evitar passar ar por dentro, fazendo com que ocorra a melhor fermentação e a edificação para manutenção dessa silagem – pontua engenheiro agrônomo Carlos Roberto Siqueira Júnior.
A cobertura deve ser bem feita o mais rápido possível. Quantos antes o silo for fechado, mais cedo começa o processo de fermentação e a manutenção dos nutrientes dos grãos e da planta.
– A medida que eu encho um silo, hoje ou amanhã, já venho cobrindo na parte da noite, no horário mais fresco; na hora de cobrir, é importante tentar tirar o máximo de ar possível entre a lona e a silagem, isso tudo influencia na qualidade da silagem – acrescenta Siqueira.
Na fazenda da família Cenci, no município de Nova Ponte, também no Triângulo Mineiro, a silagem, por enquanto, é armazenada no silo de superfície, modelo que pode ser implantado em qualquer lugar da propriedade e sai mais barato para o produtor, porque não tem o custo de maquinário para abrir as valas. De acordo com o especialista Paulo Rodrigues, este tipo de silo requer cuidados redobrados na hora da compactação e da vedação, ou o índice de perda pode ser alto, chegando a 25% em alguns casos.
Na fazenda dos Cenci, as perdas giram em torno de 5% a 6%, segundo seu Odair Antônio, o patriarca da família. Eles conseguem isso com duas práticas: uso de inoculante, um aditivo de bactérias, que acelera a fermentação, ajudando a manter o teor de nutrientes da planta. O produto é aplicado na hora do corte, lá na lavoura. A máquina que colhe e corta também faz esse serviço.
– Nós, entre aspas, fizemos uma jogada esse ano, com uma máquina para tirar o ar onde está dando um resultado melhor, fazendo o vácuo para tirar o ar do silo.
Ele conta o milagre, mas não revela o nome do santo:
– É segredo, é segredo. A gente vai vender a patente dela. Por enquanto, é segredo da fazenda.
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