• Acompanhe a série Rebanho Gordo
– Dos 200 milhões de hectares que nós temos de pastagens, cerca de 60, 70 milhões se encontram degradados e boa parte dessa degradação se deve ao superpastejo, a quantidade excessiva de animais que é posta na pastagem – aponta Haroldo Queiroz, difusor de tecnologia da Embrapa Gado de Corte.
Para ajudar o pecuarista, a Embrapa Gado de Corte, que fica em Campo Grande (MS), desenvolveu uma régua de manejo. Nas cores vermelho e verde, estão indicadas as alturas de entrada e de saída dos animais. Com a régua em mãos, o pecuarista deve percorrer a área e comparar o tamanho da forrageira em vários pontos do piquete, para fazer a avaliação. Segundo o pesquisador da Embrapa, fatores como a região do país, a fertilidade do solo ou a quantidade de chuva não interferem no uso do instrumento.
– O pecuarista pode seguir a régua se ele estiver no Pará, no Rio Grande do Sul ou em Mato Grosso. É a mesma régua. A arquitetura da planta não muda de acordo com a região, com a fertilidade do solo, nem mesmo com clima. O que pode mudar é a velocidade de crescimento desse material, o ponto mínimo e o máximo vai ser mais curto, demorar mais ou menos se tiver mais chuva, ou mais adubo. Vai mudar o tempo entre entrada e saída, mas não o tamanho ideal do capim. – explica o pesquisador.
Na régua estão as braquiárias xaraés, também conhecida como MG-5; a marandu, popularmente chamada de braquiarão; a piatã, a decumbens e a humidícula. E ainda os panicuns mombaça, tanzânia e massai.
– Tem outros capins, mas ainda não existe um consenso sobre altura de manejo, então optamos por não inclui-los na régua. Para estes capins que estão na régua existe consenso, tem bastante dado na literatura – diz Queiroz.
Dos oito capins presentes na régua, seis foram desenvolvidos pela Embrapa Gado de Corte, que lançou, na semana passada, mais uma cultivar. Uma variedade de panicum, a BRS Zuri, que em língua africana significa bom e bonito. Em produtividade e valor nutricional, esta variedade é muito parecida com os outros panicuns, mas, segundo o pesquisador Rodrigo Amorim, tem a vantagem de ser resistente ao fungo Bipolaris maydis, que ataca principalmente o capim tanzânia, causando manchas nas folhas.
– Em áreas em que você tenha umidade no ar, umidade relativa muito alta, provavelmente você terá problema com o fungo no tanzânia, e esse material o BRS zuri é resistente a esse fungo – aponta Rodrigo Amorim Barbosa, pesquisador Embrapa Gado de Corte.
Por ser uma cultivar nova, a BRS Zuri não está na régua de manejo da Embrapa mas, de acordo com o pesquisador, a altura de entrada e saída dos animais é muito parecida com a do mombaça. Por se tratar de um panincum, é um capim que pede um solo mais fértil, e o pecuarista terá um resultado melhor se usá-lo em piquetes rotacionados.
A BRS Zuri foi testada nos biomas cerrado e amazônico, com um desempenho em torno de 5% maior que os outros panicuns. A nova cultivar é mais uma opção a diversificação das pastagens brasileiras.
– Nós trabalhamos com o ponto de vista de diversificação de pastagem, evitando o monocultivo. Então, quanto mais forrageiros se tem na propriedade, mais interessante e seguro será o sistema. No monocultivo, quando há tem um problema, se acaba perdendo toda a oferta de comida – aponta o pesquisador Rodrigo Barbosa.
A régua de manejo é comercializada por três empresas e custa de R$ 30 a R$ 50, dependendo do fabricante e material usado. As sementes da BRS Zuri também já podem ser encontradas no mercado.