– Benefício mesmo direto foi de manutenção de um câmbio adequado. Realista, porque é muito estranho, que durante todo o ano passado a volatilidade levou um monte da capacidade da indústria brasileira. Aparentemente, o desejo é este e a segurança de um câmbio adequado à realidade mundial. E outras medidas que indiretamente atingem, como redução de juros, financiamentos para investimentos. Tem que ver se em um clima assim alguém se anima a investir – afirma o presidente da entidade, Francisco Turra.
Com exceção do que diz respeito ao câmbio, que favorece a exportação, os anúncios do governo não agradaram a todos. Os avicultores queriam a desoneração da folha de pagamento que, segundo eles, é um peso grande para indústria.
– Não é pelo salário do empregado, mas você paga R$ 1 mil e está com o ônus de R$ 2,5 mil, em função da folha. Além disso, há PIS/COFINS, retração no emprego formal – diz.
Para Turra, o agronegócio ficou de fora das novas medidas.
– É estranho, porque o agronegócio vem sustentando o saldo na balança comercial. Nós, há mais de década, somos responsáveis pelo superávit da balança, você pode olhar os números. E agora, quando se diz que tem que salvar os empregos, estranho que um setor tenha sido excluído. Geramos 720 mil empregos de fábrica nos frigoríficos. Foram incluídos setores que têm muito menos significado e nós excluídos mais uma vez – lamenta.
Ao contrário da avicultura, o setor de máquinas agrícolas comemorou a desoneração da folha de pagamento que, segundo representantes da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), oferecerá alívio tributário. A partir de junho, quando o plano começa a valer, o setor deve passar a pagar uma contribuição sobre o faturamento de 1%, em vez da contribuição patronal ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Também beneficiada com a desoneração, a indústria do couro diz não estar totalmente satisfeita. Segundo o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Artefatos de Couro do Estado do Paraná (Sindicouro), Alberto Skliutas, as medidas ajudam, mas não representam uma solução para o problema.
– As medidas que beneficiam a indústria local, redução do IPI, desoneração, em parte pode estar ajudando nosso setor da desoneração com percentuais de 15% para 1%. Eu acho que ajuda em parte, os financiamentos, mais recursos para pequenas e médias empresas, apesar da dificuldade na obtenção de crédito no mercado financeiro. Ajuda. É um caminho que se recebe de bom grado – aponta.
No entanto, mesmo com a manutenção do câmbio favorável para exportação, o setor esperava mais. O primeiro bimestre de 2012 registrou queda em volume e receita na comparação com o mesmo período do ano passado.