— É um ano para esquecer. Foi muito difícil, complicado para o produtor, trouxe muitos problemas, muitos prejuízos. O produtor foi quem mais sentiu a crise, a questão dos preços dos suínos pagos ao produtor, aumento do custo de produção — afirma Valdecir Folador, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul.
O grande vilão este ano dos custos foi o farelo de soja, que já passa de R$ 1 mil a tonelada.
— O maior produtor mundial de milho e maior exportador teve que importar milho. Milho só tinha no Brasil, então essa situação foi se agravando, maio, junho e julho — explica o consultor Osler Desouzart.
O Rio Grande do Sul, um dos Estados mais afetados, viu municípios, como Vista Gaúcha, decretarem situação de emergência.
— O primeiro semestre foi mais complicado em função do preço do suíno, que caiu muito e do custo de produção, que se elevou muito com quebra de safra no milho e na soja — comenta Folador.
— O produtor rural da região Sul passou o ano de 2012 pagando para trabalhar. Em 2013 ele tem uma condição de tentar desaprumar — diz Desouzart.
Manifestações em Brasília e em vários Estados foram realizadas para chamar a atenção do governo.
— O movimento que nós fizemos em Brasília, onde de alguma forma repercutiu o mercado brasileiro, resultou em algumas respostas que tiveram que ser dadas. Fazendo um balanço geral do ano, o produtor fecha o ano no vermelho — afirma Folador.
— Felizmente terminamos o ano mais tranquilos, com os preços em ascensão, consumo interno bom e exportação crescendo. Terminamos o ano com pé direito para entrar 2013 animados — avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína, Pedro de Camargo Neto.
Avicultura
Custo de produção alto também marcou o ano da avicultura no país.
— O ano foi crítico. O custo dos insumos subiu às nuvens, 45% ao ano — diz o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra.
— E a partir do momento que somos afetados por uma estiagem e também entra esse agente especulador de mercado, o custo de produção estoura, vai lá em cima. O produtor de ovos fica sem ter uma margem de ganho, o produtor de frangos fica sem ter uma margem de ganho e o setor acaba entrando em um sistema de pânico — avalia o diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos.
No setor avícola, empresas fecharam, outras entraram em recuperação judicial e produtores ficaram sem dinheiro para tocar a produção.
— O setor já estava sofrendo, gente fechando, liquidando plantel, isso forçava oferta de animais e baixava preço — explica o consultor Osler Desouzart.
No segundo semestre, quando o setor começou a dar sinais de recuperação, uma nova tensão tomou conta do mercado, com o embargo da carne bovina brasileira por seis países, após um caso não confirmado de vaca louca.
— Se tivermos caso de enfermidade em outra espécie, nosso sistema todo de defesa sanitária, fica sob olhares dos estrangeiros e daqueles que querem ocupar a fatia de mercado que hoje o Brasil ocupa — afirma o representante da Asgav.
Preocupações que já deixam o mercado de carnes para 2013 em alerta.
— Estamos esperando que o ano que vem seja um ano de recuperação, com anúncio de uma safra melhor que 2012 — projeta Santos.
— Tenham calma. Não acreditem em grão barato. O grão vai oscilar, mas vai ficar no patamar mais elevado que o histórico. Resista à tentação de sair desandando a aumentar plantel — aconselha Desouzart.