Roubos de gado e máquinas assustam população na zona rural

Produtores encontram dificuldades para garantir a segurança do patrimônio; no PR, SP e MG crimes são recorrentes

Fonte: Henrique Bighetti/Canal Rural

Medo, tristeza e prejuízo. Assim tem sido a vida de muitas pessoas que vivem no campo. Com a chegada do fim do ano, os roubos de animais e máquinas têm sido recorrentes em diversas cidades do país. O Canal Rural recebeu relatos de diversas vítimas que pouco conseguem fazer na tentativa de proteção do patrimônio. 

Uma das regiões que têm sofrido com o furto de animais é a de Pederneiras, no interior de São Paulo. O crime, conhecido como abigeato, tem sido praticado com frequência nos últimos dias e assustado a população. José Carlos de Azevedo Júnior, produtor da cidade, teve dois bois de rodeio mortos recentemente e afirma que a prática é quase “comum” na cidade. 

“Um animal foi morto de noite. Quando chegamos de manhã já era tarde demais. É a segunda vez que isto acontece. A primeira foi há dois anos. Como são animais mansos, é fácil chegar perto, manejar”, afirma. 

José Carlos acredita que o motivo para os roubos é a chegada do fim do ano. Os ladrões estariam interessados na carne do animal, que pode ser usada para consumo próprio ou venda. “Tem acontecido com mais gente. O roubo é comum durante o ano, mas aumenta muito nesta época”, diz. 

A polícia é acionada para ajudar, mas as buscas são complicadas por falta de provas em uma zona aberta e rural, acredita os produtores. “Fizemos Boletim de Ocorrência. As autoridades tentam ajudar de alguma forma, investigam, mas não tem como incriminar por falta de provas”.

De acordo com as denúncias recebidas pelo Canal Rural, os crimes têm acontecido também em outras praças, como Campo do Tenente (PR) e Pouso Alegre do Sul (MG), e contemplam também máquina, equipamentos e insumos.  

Em Conchal, interior de São Paulo, o último caso contemplou o roubo de tratores. “Aqui sempre teve roubo de tratores, mas ultimamente está acontecendo com maior frequência. Há 15 dias roubaram um do meu pai. Antes, já haviam levado outro no valor de R$ 70 mil”, conta Antônio Bollella, morador da região. 

Antônio relata que uma quadrilha já foi detida por roubos, mas que a polícia solta os criminosos pouco tempo depois. Para ele, a ronda rural existe, mas não soluciona a questão. “Estas ações ajudam, mas não diminuem o prejuízo. Há uns dois meses, roubaram o trator do marido da minha prima. Ele recebeu o dinheiro do seguro e comprou um novo. Foi roubado novamente”, conta. 

Combate

Autoridades responsáveis defendem que um maior contato com vizinhos e moradores seja uma das formas mais eficientes de se combater os crimes nas zonas rurais.

O sargento Marco Aurélio, comandante da brigada de São Pedro do Sul (RS) afirma que conseguiu diminuir em 70% os casos com a ajuda de um grupo montado no WhatsApp, onde as pessoas passaram a se comunicar com maior frequência. 

“É ótimo quando as pessoas se conhecem a ponto de ver algo errado e avisar. Mas existem casos onde isto não ocorre e aí novas alternativas são bem vindas”, explica. “Os ladrões analisam o local antes do roubo. Na área rural, todo mundo sabe quem é estranho. Tem locais com segurança particular, mas nem todo mundo tem dinheiro para isso. A melhor saída é procurar a polícia”, elerta o sargento.

Veja abaixo imagens fortes dos casos: